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Motivos para amar Londrina

28 abr 2016 às 09:29
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Sim, eu sei que às vezes existem motivos para ficar de mal de Londrina. Os escândalos da Operação Publicano estão aí para provar; isso em âmbito estadual. Em outra esfera, na elite que nos desgoverna e nos inferniza lá de Brasília, há muitos conterrâneos, alguns ocupando altos cargos. Um petista local, promovido a nacional, agora quer tirar a nossa Internet. Uma senhora de nariz empinado, londrinense postiça, esbraveja tudo que o Chefe manda, mesmo tendo a Lava Jato nos seus calcanhares. Também sei que o ovo das serpentes chamadas Mensalão e Petrolão foi chocado aqui, na época do escândalo AMA-Comurb. Mas o fato é que nós sofremos o PT a tal ponto que hoje ele está morto e enterrado em Londrina. É o que, espero, vai acontecer em todo o País. Aliás, já está acontecendo. O PT não vai ser extinto por via judicial; ele vai murchar com a prisão dos seus líderes e a inviabilidade de seus candidatos, mais ou menos como aconteceu no extinto Partido Comunista da Alemanha Oriental.

Os motivos para amar Londrina, porém, superam amplamente os motivos para ter vergonha dela. Nesta quarta-feira eu acordei bem cedo, abri a janela da sala e vi o céu da minha cidade. Um vento frio, bem-vindo após tantos dias de calor, soprava no velho Guanabara e na Avenida Madre Leônia. Na rua da canção de ninar tem um bosque. Na minha rua tem uma santa.

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Amo Londrina desde o remoto dia, em 1989, no qual me espantei com o fato de que as avenidas JK e Higienópolis são paralelas e ao mesmo tempo se cruzam. Parecia-me um enigma comparável às mais obscuras frases do velho Heráclito. No entanto, a resposta estava ali, diante de mim, na Igreja Coração de Maria, onde teriam lugar a missa da minha formatura (em 1992) e o meu casamento (em 2007). Era tão simples: bastava que eu voltasse os olhos para aquele altar. Demorou alguns anos, mas aconteceu. A explicação do enigma não estava nos filósofos pré-socráticos, mas na cruz.

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Sempre que preciso deixar Londrina, mesmo que seja apenas por um ou dois dias, sinto uma estranha saudade antecipada. Talvez seja um sentimento acumulado nos 19 anos de minha vida em que não estava aqui. De certa forma, já nasci com saudade de Londrina. E nos meus sonhos continuo morando na República da Rua Humaitá 143, demolida faz tempo.

Sou um observador do nascer e do pôr-do-Sol em Londrina. Acho mesmo que sou viciado neste espetáculo do nosso céu. Em 1934, quando o antropólogo Claude Lévi-Strauss passou por aqui, previu que a cidade cresceria para os lados do poente — justamente o local onde floresceu a Gleba Palhano. Por isso, considero muito feliz a escolha do nome para o novo empreendimento da cidade. Neste país onde o Estado quebra nossas pernas para depois oferecer muletas, dar um grande passo por conta própria é um ato de heroísmo. É mais um motivo para amar Londrina, como se não houvesse amanhã. E há.


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