Ontem fui à minha dentista, que também é uma querida amiga. Antes de restaurar o meu pré-molar, dente que logo reconheceu de outros carnavais com seu olho de artista da odontologia, Dra. Suely conversou comigo sobre a situação política nacional. Nosso mútuo e maior espanto é ver pessoas amigas, perfeitamente honestas e inteligentes, fazendo a defesa do governo do PT. Hoje em dia, o esquerdismo no Brasil não é mais uma ideologia ou uma convicção; trata-se de algo muito mais próximo de uma doença mental. Suely passou o final de semana insone, preocupada com a sua declaração de imposto de renda, uma vez que o governo lhe exige informações e procedimentos burocráticos como se ela fosse uma grande empresária, dona de um império odontológico, quando na verdade é apenas uma profissional competente que presta serviços de qualidade por um preço honesto a pessoas comuns.
Minha amiga dentista está desesperada com a situação econômica do País. Aproxima-se o dia em que teremos todos de pagar para trabalhar. Diante da situação caótica, a ex-presidente, ainda agarrada ao poder, não apenas se exime da responsabilidade por seus crimes, como pretende "denunciá-los" na ONU, mesmo sob o risco de que a justiça americana venha a interrogá-la sobre aquela falcatrua gigantesca de Pasadena. Do alto de seu delírio, a não-presidente ainda fala em aumentar impostos! Se ela não fosse um cadáver político, seria o caso de sentir um pouquinho de medo, além de raiva.
Conversamos então sobre a cusparada do deputado Jean Big Brother Wyllis no sr. Jair Bolsonaro. Pouco antes da sessão do impeachment, ao cruzar com o deputado do PSOL no Salão Verde da Câmara, confesso que pensei em perguntar se ele via alguma diferença entre vestir-se como Che Guevara e uma vaquinha se fantasiar de açougueiro. Creio que, nesse caso, eu levaria a cusparada que acabou direcionada ao parlamentar direitista.
Aquele cuspe, na verdade, não foi para Bolsonaro; dirigiu-se a todos os 90% de brasileiros que não pensam como Jean Wyllis e desejam a saída imediata da não-presidente. Aquele cuspe foi para a maioria absoluta dos brasileiros que são contra o aborto, a ideologia de gênero e a cartilha gay nas escolas de nossos filhos. Aquele cuspe foi para as mulheres bonitas e não-feministas, as Rachel Sheherazade, as Joice Hasselmann, as Renata Barreto, as Marcela Temer que não participam da marcha das vadias, que não deixam crescer os pêlos nas pernas, que não tolerariam ser ofendidas canhestramente como as militantes do PT o foram pelo sr. Lula em seus asquerosos telefonemas. Aquele cuspe foi para aqueles que não cultuam assassinos como Carlos Marighella, Carlos Lamarca e Che Guevara. Aquele cuspe foi para você, pai de uma garotinha que não gostaria de ver sua filha dividindo o WC com um homem vestido de mulher. Aquele cuspe foi para você, professor de história e literatura que não passa adiante as mentiras da esquerda. Aquele cuspe foi para quem não acredita na elite de psicopatas que governo o país e na claque de histéricos e oportunistas (quando não as duas coisas) que o apóia em troca de mortadelas diversas. Aquele cuspe foi para pessoas como os leitores deste blog, que gostam de compartilhar e ler os textos, mas não de comentá-los, pois não querem se expor ao linchamento virtual dos militantes. Aquele cuspe foi não para Bolsonaro, mas para os 10% de brasileiros que votariam nele para presidente, porque intuem que ele é odiado não por ser homofóbico, nem por ser racista, nem por ser torturador porque nada disso ele é , mas simplesmente por não ser corrupto. Que ódio que dá, né, companheiro?
Quando vi a cena da cusparada, pensei: Mas não se cospe nem em cachorro!
Então eu me lembrei do advogado Heráclito Sobral Pinto, o católico conservador que defendeu o comunista Luís Carlos Prestes nos anos 30. Ao ver as condições sub-humanas em que Prestes estava preso, sob as garras de Filinto Müller (uma espécie de Brilhante Ustra da ditadura getulista), Dr. Sobral evocou a Lei de Proteção aos Animais, argumentando que o ser humano era um animal, e que era contra a lei tratar um animal daquela maneira. Até hoje eu me emociono quando penso na atitude de Sobral.
E Prestes havia descido mesmo ao nível de animalidade, quando ordenara a morte da Elsa Fernandes, uma garota analfabeta de 18 anos suspeita de traição aos comunistas traição que até hoje não ficou comprovada. Nem por isso era aceitável torturá-lo ou enterrá-lo no vão de uma escada.
Quando se viu em liberdade, Prestes mostrou logo quem era: apoiou o mesmo ditador que havia mandado sua mulher Olga Benário para a morte nos campos nazistas.
Mesmo diante de todas essas aberrações, eu digo que não seria lícito cuspir em Luís Carlos Prestes. Muito menos no momento em que ele estivesse atuando como parlamentar, no uso de seu direito à palavra. Nem quando Prestes fugiu com a roupa do corpo em 1° de abril de 1964, deixando para a polícia todos os arquivos do Partido Comunista e causando a prisão de quase todos os seus camaradas. Tudo isso pelo simples motivo de que NÃO SE COSPE EM UM SER HUMANO. Mesmo que ele seja corrupto, mentiroso e assassino. É o que nos diferencia dos animais.
Uma última palavra sobre o caso Wyllis-Bolsonaro. Eu também acho que Jair Bolsonaro errou feio ao citar o nome de Brilhante Ustra, militar que chefiou o DOI-Codi nos anos 70. Merecedor de uma citação, naquele momento, seria o filósofo Olavo de Carvalho, o homem que, apenas com a força do seu inteligência, sem nunca tocar em um fio de cabelo de ninguém, conseguiu praticamente sozinho quebrar a hegemonia do discurso esquerdista no Brasil. Olavo foi citado por outros dois deputados federais que anunciaram seus votos pró-impeachment. Se Bolsonaro também o mencionasse era a piadinha que rolava no Salão Verde no domingo , poderia pedir música no Fantástico.
(E não: não pretendo votar em Bolsonaro para presidente em 2018. Meu candidato é outro.)