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Um telefonema de Dom Albano

15 fev 2016 às 10:34

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Logo de manhã, toca o telefone. Do outro lado da linha, está aquele que considero um dos maiores londrinenses vivos: Dom Albano Cavallin, arcebispo emérito de Londrina. Ele quer falar sobre o artigo "Tempo de Despertar", publicado hoje na Folha de Londrina. E comenta: "Jesus Cristo está muito feliz com você, Paulo".


Pode haver frase mais consoladora que esta, em plena segunda-feira?

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Abaixo, para os que não leram na Folha, segue o texto:

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TEMPO DE DESPERTAR

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1. O pai de um grande amigo meu está com o mal de Alzheimer. É uma situação angustiante, tanto mais porque sua família mora em outro país. Felizmente, a mãe de meu amigo cerca o marido de todos os cuidados e todo o amor do mundo. Na doença de Alzheimer, o pior é a progressiva perda dos laços de comunicação com o mundo, acompanhada de um apagamento da memória. No entanto, a companhia de uma pessoa amada está longe de ser uma atitude vazia. Pelo contrário: estar ao lado dos enfermos é algo que dá sentido a toda uma existência.


2. Meu amigo ama profundamente o pai. Fico imaginando quão grande seria a sua revolta se algum ativista ou burocrata lhe propusesse a morte do pai como remédio para o sofrimento. Pois é algo muito semelhante a isso o que vêm fazendo, de maneira explícita, os militantes pró-aborto no Brasil e no mundo diante da epidemia de zika vírus.

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3. A imprensa noticiou um caso que comprovaria cientificamente a relação entre a infecção pelo zika vírus e a microcefalia. Ocorreu o seguinte: uma jovem, cuja identidade não foi revelada, prestava serviços sociais voluntários em Natal (RN) e engravidou. Ao descobrir que estava contaminada com o zika vírus, viajou para a Eslovênia e, como o feto apresentava sinais de microcefalia, decidiu realizar um aborto… com 32 semanas de gestação.


4. O noticiário diz que o "comitê de ética" do hospital esloveno optou por "interromper a gravidez" da jovem. Sou escritor e tenho uma grande ojeriza por esses eufemismos. Ninguém chama assassinato de "interrupção das funções vitais", portanto não há razão nenhuma razão para chamar aborto de "interrupção da gravidez". Respeitem a verdade, respeitem as palavras!

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5. Não ficou claro se a jovem é de nacionalidade eslovena ou se viajou apenas para realizar o aborto. O fato é que o aborto voluntário com 32 semanas é homicídio qualificado. O "comitê de ética" que aprovou isso deveria estar na prisão e não num hospital. Desconfio, aliás, que esse caso das 32 semanas tenha sido apresentado como forma de justificar o aborto em períodos anteriores da gestação — o que seria um crime para permitir outros crimes. É a famosa "lógica do bode russo".


6. Volto a dizer: propor o aborto em casos de má-formação não passa de eugenia. Tal lógica, se aplicada pelos governos, levaria à matança prévia de todos os deficientes físicos, deficientes mentais e portadores da síndrome de Down. Não há nada de científico na eugenia: trata-se de uma política de extermínio de seres humanos.

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7. No futuro, o aborto será visto da mesma forma como vemos hoje a escravidão e o racismo: algo indefensável — e ponto. Um dia essas pessoas vão despertar e ver o absurdo que estão defendendo. Espero que não seja tarde.



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PS: Indico também o excelente artigo do padre e teólogo José Rafael Solano Durán publicado hoje na Folha: "A zika e o aborto".


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