Em 1965, o australiano Tom Angove teve uma excelente ideia: acondicionar vinhos dentro de uma caixa. Encheu bexigas de polietileno de 4,5 litros com vinhos e as colocou dentro de uma embalagem de papelão. Era o nascimento dos vinhos em bag-in-box. No começo, a coisa ainda era complicada.
O consumidor tinha que furar a bexiga, derramar a quantidade desejada e vedar a tampa com um equipamento especial. Dois anos depois, outro australiano, Charles Henry Malpas patenteou uma espécie de plástico embalado a vácuo, com uma torneira que fica para o lado de fora, o que facilitou imensamente o trabalho dos consumidores. Estava aberto o caminho para o vinho em caixa, o bag-in-box.
Na Austrália, país de nascimento da embalagem, o bag-in-box reina soberano. Se não tem o mesmo glamour de uma bonita garrafa, a tal caixa é prática até dizer chega. Para quem bebe sozinho em casa, e raramente mata a garrafa inteira, é uma excelente solução. O vinho pode ser guardado na geladeira mesmo. E dura por meses. Isso acontece porque a embalagem a vácuo evita a oxidação do vinho. Portanto, a pessoa pode servir-se de uma taça durante a refeição, sem o risco de que o vinho estrague. Para restaurantes, bares e afins, a caixinha também é uma mão na roda. Por preservar bem a bebida, é a solução ideal para incrementar a venda de vinhos em taça, reduzindo bastante o desperdício.
Mas, mesmo com todas estas vantagens, o vinho vendido em bag-in-box é pouco consumido pelo brasileiro. São muitas as razões. Em primeiro lugar, preconceito e desinformação. Além da falta de glamour, a caixa de papelão não é esteticamente grande coisa. Mas a praticidade compensa e muito a falta de charme. Outro motivo é mais complicado. Quando as primeiras embalagens de bag-in-box foram comercializadas no Brasil, a qualidade dos vinhos ali acondicionados era sofrível. Era a raspa do tacho da produção. Isso provocou uma associação da embalagem com bebida ruim.
Hoje em dia, algumas vinícolas nacionais já oferecem um vinho potável em bag-in-box. Ainda poderia ser melhor. É evidente que ninguém espera que um grande vinho, top de linha, com largo potencial de envelhecimento, seja comercializado na caixinha. Mas vinhos melhores poderiam ser vendidos na embalagem, e não apenas os de entrada de linha das vinícolas. Um aumento na qualidade do que é vendido dentro do bag-in-box poderia ser a alavanca que falta para que este tipo de vinho finalmente consiga o lugar que merece no mercado nacional.
Fonte: Wine Reports
Diego Juchnievski