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Aventuras de um repórter 1

31 dez 1969 às 21:33
- Edson Strafite
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O repórter Diogo Cavazotti conta como foi o show da Madonna em São Paulo. A foto é de Edson Strafite. Acompanhe:


Quatro minutos para entrar no estádio

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Durante muitos meses os fãs da Madonna não falavam em outra coisa: o show da popstar no Brasil. Era encontrar um conhecido que lá vinham as mesmas perguntas: ''Você vai ao show?'', ''Em qual dos dias?'', ''Em São Paulo ou no Rio de Janeiro?'', ''Vai ficar na platéia vip, na pista ou na arquibancada?''. As minhas respostas eram sempre as mesmas: ''Vou'', ''No dia 21'', ''Em São Paulo'', ''Na arquibancada''.

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Quem tem boca vai a Roma...


Durante a viagem para São Paulo a empolgação não era muita. Gosto das músicas, acho a história da cantora incrível, mas me questiono sobre esse culto acerca de Madonna. Também não aprecio o excesso de tentativas em chamar a atenção e nem a abertura que a mídia dá para ela. Mas sem ser rancoroso ou mal humorado, vamos falar sobre o show. Foi impressionante. Sempre é legal ver artistas que fizeram sucesso na nossa infância e adolescência. A emoção que senti no show da Madonna em São Paulo foi a mesma quando vi Cyndi Lauper em Curitiba.

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Mas a comparação acima é injusta. Enquanto o show de Cyndi foi feito em um teatro, sem muitos recursos de iluminação e simples instrumentos, o de Madonna envolveu milhões de dólares, com projeções em telas que se movimentavam, dançarinos, carro no palco e uma tela transparente em forma de círculo que até agora estou de boca aberta.


Cheguei na cidade onde o show seria realizado um dia antes. Mas não pense que era para ficar na fila. Foi para visitar amigos e ir em lugares que precisava conhecer. Em um pizzaria, no sábado, sentei em uma mesa coletiva e pude saber das notícias quentes vindas de pessoas que haviam acabado de sair do show (Foram três apresentações em São Paulo. A minha vez foi no domingo). Se quando os ingressos foram vendidos diversas pessoas passaram horas na internet tentando comprar, na boca do estádio o público que estava de mão vazia fez a festa. Os cambistas vendiam por até R$ 30,00 ingressos que antes valiam R$ 600,00. Um outro cambista foi abordado pela polícia e jogou uns papéis no chão. Um jovem que acompanhou a cena foi ver o que era e acabou ficando com uma entrada de graça. Já outra, que pagou R$ 400,00 para ficar na pista vip, grudada na Madonna, descobriu na catraca que o ingresso era falso. Chorou, chorou, chorou. Isso sem falar nas filas. Tinha gente que seis horas da manhã já estava lá.

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Eu, que tinha ingresso original comprado antecipadamente com o preço normal, nem me preocupei. Cheguei no estádio do Morumbi 18h50, com uma fila que não durou 4 minutos. O show estava previsto para começar 20 horas. Começou 22h13. Durante estas mais de três horas de espera, pude fazer amizade com muita gente que sentou por perto. Principalmente com os funcionários de um hospital cardiológico. Acredite se quiser, mas o dono do hospital comprou 63 ingressos para o show e deu de presente aos funcionários, com direito a camiseta e garrafa de espumante. Teve gente que anotou o e-mail do moço para mandar um currículo.

Entre umas cervejas e muitas outras (vendidas ao preço de R$ 5,00 cada lata), as luzes se apagam e a gritaria começa. Devagarinho imagens nos telões começam a aparecer e o show de tecnologia começa. Se antes o telão no meio da pista era em forma de quadrado, agora ele era automaticamente dividido em faixas que iam subindo separadas até o teto do palco com projeções diferentes. Só tinha visto coisa parecida em filme de ficção científica. Quando a última faixa sobe aparece Madonna sentada em um trono. Ao mesmo tempo diversos bailarinos entram e a esfregação (no palco) começa. Um dança no colo do outro que beija a outra que agarra a outra e beija a do lado. Enquanto isso Madonna pula, caminha, corre, deita, rola, dança, esfrega, beija e.......... canta. Desafinada, mas canta.

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Sem dúvida a tecnologia do show impressiona. A música ''4 Minutes'', um dos últimos sucessos de Madonna, possui a participação do cantor Justin Timberlake. Como o também popstar não poderia fazer toda a turnê somente para cantar uma música, a equipe de criadores deu um jeito. Eles fizeram quatro pequenos blocos de telas com aproximadamente dois metros e meio de altura. Nos blocos era projetado a imagem de corpo inteiro do cantor. Que aparecia bem na hora de sair a voz dele. Madonna dançava e se esfregava até na projeção de Timberlake.


Mas o que mais chamou a atenção foi uma grande tela transparente que desceu na ponta da passarela, com projeções de água, raios, chuva e sol. No interior, Madonna cantava em cima de um piano. Tudo visível aos olhos do público. Em outro momento, imagens de diversas partes do mundo eram projetadas nos telões laterais e do fundo do palco, como vídeos de crianças passando fome na África e de Barack Obama.

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Tudo era muito sincronizado. Talvez seja por isso que o show tenha ficado frio em alguns momentos. É tudo tão perfeito, com danças milimetricamente coreografadas que em partes da apresentação tudo fica um pouco apático. Até na hora de pedir uma música para um fã Madonna não aceita a sugestão. Enquanto ele pediu ''Sorry'', sucesso do penúltimo disco, ela se recusou e disse que iria cantar o megahit ''Like a Virgin''. Não teria ensaiado? So sorry!


Show da Madonna não tem direito a ''mais um''. Quando as telas se fecham na frente da artista a imensa mensagem de ''game over'' anuncia que é hora de ir embora. O público nem arrisca pedir mais. Sabe que é o momento dela descansar depois de fazer o último show da turnê mundial. Depois disso ela pára durante alguns meses para se dedicar ao novo disco (será?) ou aos novos escândalos e maneiras de chamar a atenção (com certeza, já que o público dela adora saber de tudo e os empresários da estrela sabem muito bem disso). E nós torcemos que ela decida fazer uma visita ao Brasil para apresentar a futura turnê, mesmo com desafinadas e momentos frios. Afinal, quem liga para isso cara? É Madonna!


No final todo mundo saiu ganhando: o público, que viu um show incrível, a própria Madonna, que enriqueceu mais alguns milhões, o modelo que deu uns beijos na popstar durante uma festa fechada, já que uma agência dos Estados Unidos já quer contratar o garoto, os muambeiros, que ganharam dinheiro vendendo camisetas horríveis, e São Paulo, que faturou alto com os turistas. A não ser a mocinha que trocou R$ 400,00 por um bilhete falso. Tadinha...


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