Que inveja do jardineiro!
Quão terna é a vida que tem!
Dia a dia, o ano inteiro,
nunca uma queixa de alguém.
Velhinho, já sem saúde,
sempre com solicitude,
dos seus canteiros de flores
ao nosso encontro ele vem.
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Tem lá consigo suas dores
quem é que, enfim, não as tem?
Todavia, por mais graves,
guarda-as sob sete chaves,
não as revela a ninguém.
Ele sabe: a vida é breve
e só o amor a sustém.
Não se escraviza ao dinheiro
e dos vícios se abstém.
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Assim, no seu passo leve,
me vai mostrar um canteiro.
Inveja-me o jardineiro,
Quão terna é a vida que tem!
Sergio de Sersank
Do livro: Estado de Espírito - Editora Íthala.
Óleo sobre tela: A Flor da Eternidade - de Carlos Zemek