A produção da revista dominical mais antiga da TV brasileira deve estar em polvorosa, apesar de todos os desmentidos. Neste último domingo, os dados consolidados do Ibope apontaram placar de 18 para a Globo, contra 15 da Record. Na prévia, empate técnico. Desde que estreou, em 1973, o Fantástico liderou com muita, muita folga a audiência. Misto de jornalismo com entretenimento, ofereceu boas atrações, como a série de episódios de A vida como ela é, baseada na obra de Nelson Rodrigues. Bom, o fato concreto é que domingo após domingo o programa só piora. E o público responde a isso. Para se ter idéia, em 2000, a audiência média do programa foi de 34 pontos. Em 2003 e 2004 manteve 36 pontos de média. Este ano, até agora, marca 23.
Fico pensando, em casa, quem sugeriu a brilhante opção de levar os integrantes do caidíssimo Casseta & Planeta para recuperar a audiência do último domingo. Os caras não conseguem nem se segurar às terças-feiras, como prender atenção também no domingo? Beleza que a produção está se esforçando para criar novos quadros. Mas precisa combinar com a audiência, porque tudo está muito, muito chato. Aquele quadro da Liga das Mulheres era simplesmente insuportável. Esse sobre reuniões de condomínio idem. Sem contar a linha hipocondríaca da revista. Sempre tem algo que a gente não pode comer, fazer, escolher porque, ao contrariar as receitas do Fantástico, corremos o risco de morrer imediatamente.
Eu só lamento profundamente que esta quase derrota seja para um programa tão horrível quanto o do Gugu. Para mim, não existe nada pior que ele na televisão aberta. E por uma razão simples: ele se faz de bom moço para explorar a miséria alheia. Esses programas policiais, tão apropriadamente achincalhados, ao menos não escondem a cara. Já o bom moço, agora da Record, precisou forjar falsas entrevistas com integrantes do PCC, tudo na busca desenfreada de audiência e mais audiência. Naquele período, o público respondeu à altura. Eu torço para que qualquer dia desses, um desses miseráveis que ele explora, recuse-se a servir de capacho para ele posar de bom moço. É uma pena que as emissoras briguem por lixo.