Termina amanhã o mais feliz remake de uma novela nacional. Ao misturar as tramas de Plumas & Paetês e Ti Ti Ti, ambas exibidas na década de 80, Maria Adelaide Amaral não só atualizou os conflitos do mundo da moda, como criou uma nova novela, praticamente original. Mudou o perfil dos personagens, criou novas situações e ofereceu ao público, entretenimento de primeira. Não foi à toa que, em vários capítulos, conseguiu superar a insossa novela das 21 horas, na média do Ibope em São Paulo.
Eu tinha dúvidas sobre a escolha dos protagonistas. Reginaldo Faria e Luiz Gustavo foram simplesmente excelentes em 1985. Nesta versão, desconfiava do potencial de Murilo Benício, mas tenho que me render. Ele convenceu como o malandro que quis se dar bem na vida. Alexandre Borges, na minha avaliação, pecou pelo excesso e quase transformou Jacques Leclair/André Spina num vilão. Dira Paes, enfim, num papel sisudo, fugindo do estereótipo da suburbana gostosa, que roubou a cena em Caminhos da Índia.
Isis Valverde e Caio Castro – espero que fiquem juntos no final, já que foram gravados dois finais para Marcela – tiveram tanta química em cena, que o romance folhetinesco parece ter virado realidade. Um casal fofura, como há muito tempo não se via.
Cláudia Raia reinou soberana do princípio ao fim. Jaqueline Maldonado foi exagerada, cafona, amorosa, destrambelhada. Os melhores momentos desta comédia rasgada.
Por último, mas não menos importante: Maria Adelaide do Amaral provou porque é uma das melhores dramaturgas do país. Sem alarde e sem levantar bandeiras, criou dois casais gays, que, certamente, entrarão para a história. Já no começo da trama, lá em julho, Osmar e Julinho chamaram a atenção. E agora no final, Julinho ganhou um novo parceiro, cheio de amor, dúvidas, incertezas, mas que conseguiu assumir o verdadeiro sentimento. Não teve beijo gay, mas não fez falta. Foi muito significativo ver um homem dizer que amava o outro, sem afetações, sem desmunhecar, sem frescura. Sentimento puro e natural, como devem ser encaradas as diferenças. Simplesmente sensacional.
Acho Ti Ti Ti tão boa, que queria que ficasse mais tempo no ar. Mas talvez este gosto de quero mais seja o ideal para uma novela. Vai deixar muitas saudades.
Até breve
Com este post, encerro minha passagem pelo Bonde. Foram quase dois anos falando de televisão, o que me deu grandes alegrias. Agradeço ao Marco Feltrin, editor do portal, pela oportunidade e confiança. Aos leitores, muito obrigado pelo prestígio, pela audiência, pelos comentários e pelo imenso carinho. Indicarei no Orkut e Facebook os meus novos desafios. Abraço e tudo de excelente pra vocês!