A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou projeto que legaliza os bingos e casas de jogos no país. Com o plenário lotado de sindicalistas do setor e de funcionários de bingos, a discussão da matéria se estendeu por mais de três horas. O projeto foi aprovado por 40 votos a sete.
O projeto determina que 17% da arrecadação seja destinada à cultura, educação e saúde. Casas de bingos deverão também ficar a uma distância mínima de 500 metros de escolas e templos religiosos. Deve ser regulamentado também um cadastro nacional de jogadores.
O deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), contrário à matéria, apresentou voto em separado defendendo a proibição de qualquer tipo de jogo no país. Foi seguido pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que apresentou parecer sugerindo melhorias no projeto - uma das medidas sugeria que uma mesma empresa explorasse até três casas de bingo. Ele criticou a falta de controle dos ganhos das empresas. "O controle do montante de ganho dos bingos não está previsto no projeto, o que vai permitir a lavagem de dinheiro. Não adianta ter um sistema de combate se não tiver como detectar esse sistema", disse.
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O relator, deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), negou que seu parecer abra brecha para a criação de cassinos e afirmou que o jogo no país já é uma realidade. "A Caixa Econômica Federal é o grande banqueiro do jogo no Brasil", disse.
O projeto autoriza o jogo apenas em salas especiais. "Estamos proibindo o jogo em qualquer estabelecimento, salvo nos que forem credenciados pela Receita Federal", disse, acrescentando que há a determinação de que as portas dos bingos permaneçam fechadas para que pessoas, na rua, não possam ver o que acontece lá dentro.
Segundo Régis de Oliveira, a matéria cria também penalidades para quem joga fora das casas de bingo. "O jogo só será realizado em salas especiais e exclusivas. Tudo o mais é ilegal, como é hoje", disse.
O projeto também autoriza que os restaurantes e bares dos bingos sejam terceirizados, inclusive com a possibilidade da realização de shows e espetáculos. O relator não aceitou a sugestão de José Eduardo Cardozo para tributar em 80% essas atividades. "Serão tributadas em lei, não há possibilidade de ser acima disso", afirmou.
O Ministério da Fazenda será o responsável pela concessão de licenças de funcionamento desses estabelecimentos. "Tem de ter homologação do Ministério da Fazenda, laudo fiscal", disse.
Mesmo assim, deputados contrários à proposta manifestaram preocupação quanto à possibilidade de lavagem de dinheiro nos bingos. "É inocência achar que o Estado brasileiro vai fiscalizar todas as casas de bingo", lamentou Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP). José Eduardo Cardozo completou: "vou fazer um combate frontal a esse projeto no plenário".