A previsão de chuva e frio para os próximos dias é um tormento a mais para as milhares de pessoas que tiveram as casas destruídas pelo tornado em Santa Catarina. Além de ter perdido boa parte dos pertences, arrastados pelo vento, entre a noite de segunda-feira (7) e a madrugada de terça-feira (8), é impossível recuperar o que restou.
Situação que deve permanecer durante o fim de semana, segundo a Defesa Civil do estado, adia o retorno das famílias às suas casas. Elas são obrigadas a ficar nos centros de acolhimento, dormindo em colchões e usando roupas doadas pela comunidade.
Na Igreja do Caravaggio, às margens da BR-282, em Guaraciaba, diversas famílias dividem o espaço desde terça-feira, todas com histórias semelhantes de aflição e medo.
Leia mais:
Oito restaurantes brasileiros estão entre os cem melhores do 50 Best América Latina
Adultos com diabetes quadruplicam em três décadas e a maioria não recebe tratamento
Autor de atentado deixou mensagem a pichadora do 8/1 e chamou escultura no STF de 'estátua de merda'
Música 'Unstoppable' foi usada em clipe por homem antes de se explodir em Brasília
"Quando começaram os trovões eu me cobri, por que tenho medo dos relâmpagos. Daí veio aquele vento, arrancou o telhado e a parede. Peguei os piás (crianças) e nos escondemos dentro do banheiro. Para recomeçar a vida, tem que ver se eles ajudam. Primeiro eu preciso de um telhado, para a gente ficar em baixo", pediu a agricultora Adelci Donezi, que não possui propriedade rural e vivia de trabalhar na terra dos outros.
Vizinho de abrigo, o também agricultor Osmar Pedro Cestari, mostrava os ferimentos nos braços e nas pernas, depois que ele se agarrou a uma árvore para escapar da fúria do vento. "A minha casa desabou, e quando vi, estava do lado de fora. Eu me agarrei em uma bergamoteira (árvore de tanjerina, com muitos espinhos) e fiquei rodopiando, sendo atingido com pedaços de vidro, de telha, de pedra", disse.
Morador do bairro de Linha Welter, ele tentava calcular os prejuízos. Além da casa, de um galpão e de sete leitões, também perdeu o principal equipamento de sustento: a ordenhadeira com a qual tirava leite de suas vacas. Com o processo manual, ele perderá 30% da produção, que chegava a 110 litros por dia.