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Governo usa rebaixamento para tentar aprovar reforma da Previdência

Agência Estado
13 jan 2018 às 11:45

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- Reprodução
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Depois do rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco S&P, o governo traçou a estratégia de usar a decisão para tentar convencer parlamentares a aprovar a reforma da Previdência. A medida é considerada fundamental para a sustentabilidade das contas públicas, e a demora em sua aprovação foi justamente um dos argumentos da agência para o corte da nota.

Com o rebaixamento, o Brasil ficou três níveis abaixo do grau de investimento, que é como um selo de bom pagador, que indica que a região é segura para os investidores.

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As articulações políticas, no entanto, devem esbarrar no temor dos deputados de sofrerem nas urnas as consequências da aprovação da proposta de mudança na aposentadoria. "A classificação de risco que interessa à esmagadora maioria dos deputados é o risco eleitoral", avisou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).

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Segundo ele, tudo vai depender, a partir de agora, da "capacidade de sedução e convencimento do governo". A votação da reforma da Previdência está prevista para 19 de fevereiro, mas o governo ainda não conta com os 308 votos necessários para aprovar uma mudança constitucional.

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliou em entrevista coletiva que a aprovação da reforma é essencial para as contas públicas, e que essa sinalização poderia inclusive levar a agência de classificação a reverter sua decisão futuramente, elevando a nota de crédito brasileira. Mas o ministro classificou como "legítima" a preocupação eleitoral dos parlamentares.


"Seria extravagante que congressistas não se preocupassem com a opinião de seus eleitores", afirmou Meirelles, que também tem se movimentado na tentativa de se viabilizar como candidato ao Palácio do Planalto em 2018.

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Um dos principais responsáveis pela elaboração da proposta de reforma, o secretário de Previdência do ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, disse ao Estadão/Broadcast que o rebaixamento vai sensibilizar os parlamentares a aprovar ainda este ano as alterações. Segundo ele, a decisão da agência é um "fator adicional" que reforça a necessidade de mudança.


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também avalia que o anúncio da S&P pode ajudar no convencimento, desde que o governo não transfira a responsabilidade do rebaixamento para o Congresso. Foi um recado a Meirelles, com quem Maia já tem duelado pelo título de candidato do governo à Presidência.

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Logo após o rebaixamento, o ministro lamentou a não aprovação de medidas fiscais pelos parlamentares, o que foi entendido como tentativa de culpar o Congresso. O Planalto precisou intervir para apagar o incêndio. "Não adianta encontrar culpados e, sim, unir forças para aprovar a reforma. Esse discurso de descobrir culpados só prejudica", avisou Maia.


A própria agência de classificação de risco chamou o Parlamento de "complacente" ao não votar medidas fiscais importantes para o equilíbrio das contas nacionais. "A demora na aprovação da reforma é um indicativo de que está faltando conversa. Agora, esse foco será reforçado pela questão do rebaixamento", disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.

O vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), admite que a base aliada não cumpriu seu papel como deveria. "Não diria para você que a culpa é do Meirelles ou de quem quer que seja. A culpa é nossa, que não fizemos a nossa lição de casa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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