No próximo mês, o governo federal deverá anunciar um plano para erradicação da extrema pobreza. De acordo com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, "o plano está sendo construído com políticas públicas especiais voltadas para as mulheres e para as crianças".
Segundo a ministra, que não quis antecipar detalhes das medidas a serem anunciadas pela presidenta Dilma Rousseff, o futuro programa terá como eixos a ampliação da renda (como ocorreu recentemente com o reajuste dos benefícios do Bolsa Família); a melhoria da oferta de serviços públicos (funcionamento de creches, pré-escola e postos de saúde); e a inclusão social (qualificação profissional e empreendedorismo).
A expectativa é que a agenda do futuro programa seja extremamente feminina e insista no "emponderamento" das mulheres já verificado, por exemplo, no próprio Bolsa Família (93% dos cartões do programa estão em nome das mulheres); no Programa Minha Casa, Minha Vida (o imóvel fica preferencialmente no nome da mulher); e no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que tem linha especial para financiamento de agricultoras.
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Tereza Campello avalia que iniciativas nesse sentido podem criar ambiente para mudança do papel das mulheres. O governo reconhece nas mães, mais do que nos pais, disposição para zelar pela frequência escolar dos filhos e manter o cartão de vacinação das crianças em dia, duas condicionantes do Bolsa Família.
A comunicação institucional do governo já começa a salientar a importância do papel da mulher e os efeitos sociais das políticas voltadas a elas. Segundo o site da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, a campanha publicitária para o Dia Internacional da Mulher reforça "o papel feminino como agente transformador no processo de desenvolvimento econômico e social brasileiro, já que as mulheres são a maior parte da população, representam 41% da força de trabalho e chefiam 35% das famílias do país. Como diz o texto da campanha, 'quando as mulheres transformam a sua história, o Brasil inteiro se transforma com elas'".
O foco nas mulheres foi promessa de campanha eleitoral e começou a ser discutido desde a primeira reunião da equipe de transição do governo Dilma, em novembro do ano passado, quando especialistas em políticas sociais (como o economista Ricardo Paes e Barros) disseram aos integrantes do futuro governo que verificassem, em cada família, as necessidades com relação aos cuidados com os filhos, como a abertura de creches (para crianças de até 3 anos), pré-escola (4 ou 5 anos) ou ensino fundamental (6 a 14 anos).
De acordo com especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o cuidado com os filhos tende a limitar a participação feminina no mercado de trabalho e o aumento da renda.
A Emenda Constitucional nº 59/2009 estabeleceu como meta até 2016 a universalização da oferta da educação básica dos 4 até os 17 anos, da pré-escola até o fim do ensino médio. A proposta do novo Plano Nacional de Educação (PNE), ainda não aprovada no Congresso Nacional, prevê a oferta de vagas nas creches para 50% da população de até 3 anos até 2020. A segunda fase do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2) prevê a construção de 6 mil creches em quatro anos.