Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Fastfood

McDonald's é alvo de investigação por racismo e assédio

Fernanda Brigatti/Folhapress
07 jul 2021 às 10:26
- Pixabay
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

No início de 2021, Gabriel Milbrat, 19, já trabalhava havia pouco mais de um ano em uma lanchonete do McDonald's em Curitiba, quando passou a ser assediado por um superior. "Foi logo depois da virada do ano. Ele me abordava no banheiro e na área de almoço. Tenho dois emails pedindo socorro e mais o relato de uma cliente que viu em uma das vezes."


Naquela que foi a abordagem mais explícita, Milbrat relata ter sido acordado pelo assediador, quando esse ejaculou sobre ele. O funcionário do McDonald's dormia durante a pausa para o almoço.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Casos como o de Gabriel Milbrat integram o corpo de denúncias recebidas pela "Sem Direitos não é Legal", campanha global que atende trabalhadores do McDonald's no Brasil e que estão em representação feita pela UGT (União Geral do Trabalhadores) ao Ministério Público do Trabalho.

Leia mais:

Imagem de destaque
E o novo valor do Bolsa Família

Alta da renda tira 20 milhões de situação de insegurança alimentar

Imagem de destaque
Vagas de nível superior

Edital do concurso público do CNJ é divulgado com salários de até R$ 13,9 mil

Imagem de destaque
Jogo simples custa R$ 5

Mega-Sena pode pagar prêmio de 4 milhões neste sábado

Imagem de destaque
Não pode sair do País

Alexandre de Moraes nega pedido de devolução de passaporte para Bolsonaro


As denúncias de práticas de racismo, assédio sexual e assédio moral vinham sendo apuradas desde o ano passado em um um procedimento preparatório. Em 22 de junho, a procuradora do Trabalho Elisa Maria Brant de Carvalho Malta decidiu abrir inquérito civil para apurar as denúncias.

Publicidade


Com isso, a Arcos Dorados, maior franquia independente do McDonald's no mundo, passa a ser oficialmente investigada. A empresa diz, em nota, respeitar a apuração iniciada pelo MPT e afirma estar "colaborando ativamente, apresentando todas as informações solicitadas".


O advogado Alessandro Vietri diz que a apuração em São Paulo começou no ano passado. Inicialmente, a UGT acionou a procuradoria no Paraná, em uma representação que apontava práticas antissindicais pela rede de lanchonetes, devido à alta rotatividade de suas unidades.

Publicidade


No decorrer desse procedimento preparatório, que incluiu a coleta de depoimentos de funcionários e ex-funcionários, foram identificados relatos recorrentes de assédio e discriminação.


"Localizamos as ações [contra a empresa] na Justiça do Trabalho e, desse universo, são muitas as reclamações de assédio e racismo em meio a outras queixas. Começamos a nos perguntar o que estava acontecendo", diz o advogado.

Publicidade


Por isso, segundo Vietri, o caso foi desdobrado e encaminhado para São Paulo, onde poderia ser apurado pela coordenadoria de promoção à igualdade, que acompanha denúncias de racismo e assédio.


Durante o procedimento que deu origem ao inquérito, a Arcos Dorados disse à procuradora que, na capital paulista, recebeu 136 denúncias de assédio moral e/ou sexual nos 171 restaurantes da cidade. A rede informou ter 13,5 mil funcionários. No ofício, apontou que havia "menos de uma denúncia por restaurante".

Publicidade


Desse total, a empresa disse que 24 denúncias foram consideradas procedentes, 50, em parte, e 51, improcedentes. As outras ainda demandavam apuração ou faltavam informações. Esses procedimentos, disse a Arcos Dorados, resultaram na demissão de 17 empregados.


Para a procuradora, a rede de lanchonetes não apresentou, no decorrer da apuração preliminar, documentos que comprovem a adoção de posturas que combatam comportamentos abusivos.

Publicidade


A UGT levantou pelo menos 22 casos levados à Justiça do Trabalho, nos quais ex-funcionários relatam agressões, assédio sexual, homofobia e transfobia. Muitos, porém, não chegam a formalizar as queixas no judiciário trabalhista, segundo o advogado.


"A maioria nem chega à Justiça, ou porque a empresa faz acordo ou porque eles desistem. São, em geral, trabalhadores muito jovens", afirma.

Publicidade


Na avaliação do advogado, a investigação foi necessária porque a franquia do McDonald's não conseguiu, até agora, demonstrar de maneira consistente que políticas internas adota de modo a coibir comportamentos abusivos. Para ele, os depoimentos colhidos pela central sindical e enviados ao MPT apontam para omissão da rede.


Gabriel Milbrat, que relata ter sido assediado por um responsável pelos treinamentos na loja em que trabalhava, diz só ter sido ouvido por um superior depois que conseguiu registrar o assédio em fotos e áudios.


"Consegui o contato de um consultor, que é quem manda em todos os gerentes e ele pediu para a gente se encontrar. Expliquei o que estava acontecendo e ele disse que o melhor seria me transferir e que ninguém ficaria sabendo da minha denúncia", relata.


Não foi bem o que aconteceu. No novo posto de trabalho, poucos dias depois de começar, colegas o abordaram sobre o episódio. "Mas a visão deles era totalmente deturpada, de que eu tinha tido relações com ele."


Até a segunda (5), Gabriel Milbrat ainda era funcionário da empresa, contra quem foi à Justiça do Trabalho para pedir a rescisão indireta do contrato de trabalho.


"Ficou insuportável trabalhar. Eu não acho certo eu pedir demissão, então pedi minha rescisão na Justiça. Vou me identificar porque não fiz nada de errado. Fui tratado como mentiroso e só pesou para o meu lado", diz Milbrat.


Franquia afirma ter política de ambiente de trabalho seguro.


Outro lado


Em nota, a Arcos Dorados diz reiterar "seu total compromisso com a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, onde as pessoas se sintam seguras e tenham liberda- de plena de expressão, e reforça que não tolera nenhuma prática de assédio ou discriminação".


A rede afirma manter uma política de ambiente de trabalho seguro e respeitoso para conscientizar "sobre o propósito da empresa de ser um local no qual as pessoas possam se desenvolver, livres de discriminação, assédio e represálias".

A Arcos Dorados afirma também que, além de treinamentos com gestores e funcionários, mantém um canal chamado "linha ética", por meio do qual os funcionários podem formalizar denúncias de maneira anônima. "Todas passam por uma rigorosa investigação e, a depender do resultado apurado, são tomadas as providências cabíveis."


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade