A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou na noite desta terça-feira a primeira morte entre os feridos pelo incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, elevando o número oficial de mortos na tragédia para 235. Mais cedo, houve indícios de que a casa noturna pode ter usado extintores falsos.
Segundo boletim divulgado pelo governo, trata-se de Gustavo Marques Gonçalves, de 21 anos, natural de Santa Maria, que estava internado na capital gaúcha.
No início da manhã, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, havia informado que dentre os feridos 75 estavam em condição grave, mas ressaltou como fato positivo ainda não ter sido registrada nenhuma morte, dada a gravidade da tragédia.
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Segundo a Secretaria Estadual de Saúde gaúcha, ainda há 121 internados em decorrência dos ferimentos causados durante o incêndio.
Na região metropolitana de Porto Alegre há 58 pacientes transferidos de Santa Maria, sendo que três evoluíram bem durante esta terça-feira e já não precisam de respiração por ventilação mecânica.
Em Ijuí, há um paciente internado em UTI, mas sem necessidade de ventilação mecânica, e em Santa Marian há um total de 62, sendo 28 em UTI e 34 em enfermarias ou em observação.
Extintores falsos
Mais cedo, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul encontrou indícios de que os extintores de incêndio utilizados na boate Kiss poderiam ser falsos.
Em coletiva de imprensa nessa terça-feira, o delegado Marcelo Arigony, um dos responsáveis pelo caso, disse que testemunhos dão conta de que "os extintores eram muito baratos para aquele tipo de extintor".
Outros depoimentos dizem que os extintores não funcionavam. "Há possibilidade de ter extintores falsos, mas a perícia é que vai nos dizer", disse o delegado.
Mais de 44 pessoas já foram ouvidas no inquérito policial sobre o incêndio que deixou 235 mortos no último domingo.
Irregularidades
A polícia descobriu ainda que a boate tinha dois alvarás vencidos -- um alvará de incêndio, que expirou no dia 10 de agosto de 2012, e um alvará sanitário.
De acordo com as primeiras investigações, a espuma usada no teto do local era inflamável e usada somente para evitar eco.
A casa noturna também teria recebido mais de mil pessoas no dia do evento, mais do que a capacidade máxima estabelecida em seu alvará de funcionamento, de 691 pessoas.
"Qualquer criança sabia que aquela casa não podia funcionar daquele jeito", disse Arigony.
O servidor do circuito interno de câmeras da boate Kiss foi encontrado pelos policiais em uma loja, onde estariam sendo consertados há mais de uma semana.
Segundo Arigony, é provável que não existam imagens da festa no momento do incêndio.
As investigações indicam que a banda Gurizada Fandangueira teria comprado sinalizadores de uso externo, porque eles seriam mais baratos do que a opção para uso interno.
As alegações de membros do grupo de que o incêndio teria começado com uma pane elétrica serão investigadas pela perícia, segundo os promotores.
Responsabilidade
O promotor César Augusto Carlan afirmou que a responsabilidade administrativa de agentes públicos também será investigada.
Segundo ele, ainda não está provado que houve falhas na fiscalização pela prefeitura ou pelo corpo de bombeiros.
"A sociedade pode ter certeza de que a Polícia Civil do Rio Grande do Sul vai fazer um trabalho completo. Se houve negligência de alguma força pública, nem que nós tenhamos que cortar na carne do Estado, isso será apontado no inquérito e entregue ao Ministério Público", disse o delegado Marcelo Arigony.