Um mapeamento inédito feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão do Ministério de Integração Nacional, encontrou 178,5 mil pessoas morando em áreas de risco alto ou muito alto de serem atingidas neste verão por desabamentos ou enchentes em 28 municípios brasileiros. Estas pessoas vivem em 43.625 moradias espalhadas por nove municípios de Santa Catarina, seis do Espírito Santo, seis do Rio Grande do Sul, quatro do Paraná, dois do Rio e um de Minas.
De um total de 251 municípios das regiões Sul e Sudeste com possível risco de desastres naturais – inundações e deslizamentos –, a CPRM mapeou 28 em situação de alto risco e muito alto risco. A iniciativa do governo faz parte de uma ação emergencial, cujo objetivo é realizar o mapeamento de 56 cidades até o começo de 2012. O levantamento das 251 cidades, dividido com outros órgãos do governo, deve ser finalizado até 2014.
Esses 56 municípios representam 22% dos 251 do País onde o risco de tragédia climática é maior nesta época. Mas são os únicos que, segundo anúncio feito ontem, deverão receber investimento nos próximos meses. As 28 cidades mapeadas estão entre as prioritárias por causa da recorrência de desastres ao longo dos últimos anos e ocorrências de mortalidade com catástrofes.
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Os quatro municípios do Paraná considerados prioritários apresentam 27 setores de risco com 435 moradias e 1.736 moradores que vivem netas áreas com risco de vida. Segundo o levantamento, a situação mais crítica é em Almirante Tamandaré, na Metropolitana de Curitiba (RMC), com 12 localidades de risco, onde existem 194 residências e 776 moradores.
O segundo município paranaense citado é Antonina, no Litoral, com oito áreas críticas, que envolvem 56 residências e 224 moradores. As doutras duas cidades apontadas pelo levantamento estão na RMC: Rio Branco do Sul, com seis situações de risco que envolvem 105 moradias e 416 habitantes e São José dos Pinhais, com um local de risco com 80 moradias e 320 moradores.
Entre as 28 cidades com quadro mais crítico, Angra dos Reis (RJ) é a que tem o maior número de moradores em áreas com risco de vida. São 45,9 mil pessoas, em 11,4 mil moradias. No réveillon de 2010, deslizamentos na cidade mataram 52 pessoas.
Segundo o governo, a identificação do perigo pode ajudar na prevenção de desastres. "Com essas cidades mapeadas, você tem a possibilidade de saber que áreas podem desmoronar quando chove e pode fazer um alerta e deslocar a população", diz o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Recursos - O ministro da Integração afirmou ainda que nos próximos dias a presidente Dilma Rousseff assinará uma Medida Provisória destinando R$ 48 milhões às Forças Armadas para a aquisição de equipamentos para auxiliar a Defesa Civil na resposta a catástrofes. De acordo com Bezerra, apenas o Ministério da Integração investiu neste ano R$ 271 milhões em prevenção. Outros R$ 700 milhões foram direcionados pelo governo para ajudar na reconstrução de áreas devastadas.
O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, ressalta, porém, que a reconstrução é um processo lento. "Não podemos criar a ficção de que um cenário destruído por catástrofe vai ser reconstruído em apenas um ano." Segundo ele, na Região Serrana do Rio, por exemplo, serão necessários pelo menos quatro anos para o restabelecimento das condições anteriores às chuvas de janeiro de 2011.