A posse do senador João Capiberibe (PSB-AP), prevista para esta terça-feira (29), descortina uma intensa articulação nos bastidores comandada pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para neutralizar as perdas da bancada decorrentes do efeito Ficha Limpa. Depois de perder dois aliados, para dar posse a políticos barrados pela Justiça Eleitoral, Renan já anunciou a reposição de um dos quadros e negocia a filiação de mais dois.
Renan movimenta-se para continuar à frente da bancada mais forte do Senado. Mas a liderança do PMDB é apenas a primeira etapa de um projeto maior: retomar a presidência do Senado, à qual renunciou em 2007 para não perder o mandato. O problema é que a bancada vem perdendo fôlego: começou o ano com 21 senadores e vai terminar com 17.
Antes mesmo do aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Renan já anunciou a filiação do senador Clésio Andrade (MG), que trocou o PR pelo PMDB. A adesão de Clésio repõe uma das duas vagas que o peemedebista perdeu por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou afastar os senadores Wilson Santiago (PB) e Gilvam Borges (AP) para dar posse, respectivamente, a Cássio Cunha Lima (PB) e João Capiberibe (AP). O tucano e o socialista beneficiaram-se da decisão do Supremo que considerou a Lei da Ficha Limpa inaplicável às eleições de 2010.
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Mais dois senadores do PR estão na mira de Renan: Blairo Maggi (MT) e Antonio Russo (MS). Ambos, no entanto, enfrentam dificuldades maiores que Clésio para trocar de partido. Maggi confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo sua disposição de se mudar para o PMDB, seu "partido do coração", mas ressalvou que é um projeto de longo prazo.
Renanzistas
Enquanto os reforços não chegam, Renan se movimenta, internamente, para arregimentar "renanzistas". Ele começou o ano estremecido no cargo pela formação do G-8, grupo de oito peemedebistas independentes que não aceitaram se submeter, automaticamente, à sua liderança. Para diluir a força dos inconfidentes, o líder os afaga com benesses. Há duas semanas, Renan elegeu sem dificuldades Waldemir Moka (PMDB-MS) para a segunda vice-presidência do Senado, vaga aberta com a saída de Wilson Santiago. Clésio Andrade mal chegou e já se declara "renanzista convicto".