"Minha filha, eu fiz tudo que pude na vida para fazer você feliz: dei carinho, apoio. Sempre estive por perto", desabafou Maria Cristina Dias de Mattos, abraçada ao caixão da filha, a capitão do Exército Daniele Dias de Mattos, de 36 anos, morta domingo (27) no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), e sepultada nesta quarta-feira no Cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio de Janeiro.
Cerca de cem pessoas, entre parentes e amigos, compareceram ao enterro, que contou com honras militares. Além de salva de tiros e toque de corneta, militares do 1º Batalhão de Guarda do Exército, conhecido como Batalhão do Imperador, carregaram o caixão até o túmulo.
Durante o trajeto entre a capela onde ocorreu o velório e a sepultura, que levou cerca de 15 minutos, a filha de Daniele, Anna Carolina, de 14 anos, chorava bastante e precisou ser amparada. Vestindo uma camisa preta com a foto da oficial, a adolescente carregava flores e uma bandeira do Brasil. A jovem passava férias nos Estados Unidos com o avô materno, Sérgio Pires de Mattos, e retornou terça-feira (29) para comparecer ao sepultamento da mãe.
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Daniele era cardiologista do Hospital Central do Exército (HCE), em Triagem, zona norte do Rio, desde março do ano passado. Antes de retornar à cidade onde nasceu, a oficial trabalhou desde dezembro de 2005 no Hospital de Guarnição de Santa Maria.
"Daniele se importava a tal ponto com os pacientes que até perdia a hora do almoço. Acredito que, justamente por estar preparada para socorro de emergência, ela deve ter tentado salvar alguém e acabou morrendo. Era uma pessoa simples e especial. Estamos arrasados", disse a fisioterapeuta Silvia Nobre, que trabalhava com a oficial no setor de reabilitação cardíaca do pós-operatório do HCE.
A cardiologista, que estava de férias em Santa Maria, voltaria ao trabalho nesta quarta. Parentes disseram que ela retornaria ao Rio na sexta-feira, mas decidiu prorrogar sua estadia na cidade gaúcha até terça para ficar mais tempo com o noivo, Herbert Magalhães Charão, de 25 anos. Natural de São Sepé (RS), o rapaz cursava Terapia Ocupacional na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também morreu no incêndio. Ele foi enterrado em sua cidade natal.