Começamos o ano com um cenário desafiador para o setor público, em especial para as universidades. Os últimos anos foram de dificuldades, sobretudo em relação à pesquisa científica e ao desenvolvimento de ciência e tecnologia.
É notório que não existe inovação radical sem ciência, a qual tem como um dos seus pilares a pesquisa científica. Podemos até melhorar nosso dia a dia com inovações incrementais, aumentar o lucro das empresas, aperfeiçoar processos, manter o negócio funcionando também é possível. Porém, é a ciência que faz um país, um estado, uma cidade, ser, de fato, inovador. Não por acaso, a universidades são a alma de toda ação que busque inovar.
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Em 2022 a UEL (Universidade Estadual de Londrina) caminhou em uma direção profícua, ainda em desenvolvimento, por meio de Acordos de Cooperação Técnico-Científico. Neles, a iniciativa privada custeia parte das atividades de pesquisa que visam o desenvolvimento de tecnologia. É uma via de mão-dupla na qual todos ganham.
A universidade, que consegue manter e expandir seu trabalho acadêmico-cientifico; a empresa privada que pode obter e explorar economicamente novas tecnologias inovadoras; o Estado, que fortalece a relação com o setor produtivo gerando dividendos para serem reinvestidos; a sociedade, por meio da geração de emprego e renda. Sem contar a melhora na eficiência da gestão pública.
Cálculos preliminares mostram mais de R$ 1 milhão provenientes do setor privado devem ser revertidos em pesquisas na UEL.
Se os acordos são tão bons assim, por que essas ações ainda são pontuais e não ganharam escala?, pergunta meu leitor atento. São diversos fatores que interferem, desde aspectos legais, passando por fatores culturais e históricos. Na UEL, por exemplo, a Política de Inovação está trazendo segurança jurídica e institucional. Em nível federal, também há um arcabouço legal sólido.
Culturalmente, ainda é preciso um trabalho de base, pois a inovação não é unanimidade entre a comunidade universitária, embora precise sê-lo. Historicamente, a pesquisa científica brasileira esteve atrelada a fatores estritamente acadêmicos, como a publicação de artigos. Tanto é que dentre os indicadores avaliados nos rankings internacionais das melhores universidades do mundo, o quesito inovação costuma puxar as instituições para baixo, mostrando que precisamos trabalhar nisso.
Que em 2023 práticas inovadoras e benéficas à sociedade, como os acordos de cooperação técnico-científicos sejam cada dia mais regulares em nosso dia a dia. Algumas ações como a criação de uma Aliança Estratégica entre os ecossistemas de Londrina e Maringá pode ser um caminho, já que as duas cidades abrigam as maiores instituições do interior do Paraná e unidas agregam um corpo técnico-cientifico dos melhores do Brasil.
Outra iniciativa profícua nesse sentido está sendo conduzida pelo Separtec (Sistema Estadual de Parques Tecnológicos do Paraná), mas isso é assunto para outra coluna ;)