Estudos paralelos encomendados ou feitos por pessoas contrárias à privatização da Copel indicam que o governo do Estado pode estar fazendo uma subavaliação da companhia de energia. Um levantamento extra-oficial elaborado por um grupo de engenheiros e funcionários da empresa calcula que o patrimômio real da estatal seria de R$ 25,54 bilhões (US$ 10,63 bilhões) e, por isso, o preço mínimo para o leilão de privatização deveria ficar próximo a este valor.
A quantia excede em quase três vezes o valor que o governo deve colocar como mínimo. Um funcionário do primeiro escalão do governo disse que a Copel deverá ser leiloada por um preço inicial entre R$ 8,5 bilhões e R$ 9 bilhões. O valor será confirmado até o dia 28, conforme informou, na quinta-feira passada, o representante do Consórcio Diamante (empresa que faz a modelagem da Copel), Venilton Tadini.
Na ocasião, Tadini e o próprio presidente da Copel, Ingo Hubert, deixaram claro que não fariam comentários sobre o preço mínimo. "Não divulgaremos o preço antecipadamente, porque isso pode implicar em oscilações nas ações no mercado financeiro", disse Hubert, após a audiência pública da Copel. Ele havia sido questionado sobre as informações que circularam pela Bolsa de Valores de São Paulo de que o preço seria de R$ 8,5 bilhões.
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O preço da Copel não será formado apenas por valores contábeis, mas por fatores que vão desde a situação do mercado de energia até o momento político. O ex-presidente da Copel João Carlos Cascaes avalia que o cenário nacional não está propício para privatizações. "Com a escassez de energia e com a aproximação do fim dos contratos fixos de energia, o valor das estatais poderia subir. O setor de energia está se valorizando", disse.
Cascaes avalia que o momento político é inadequado. Tanto na esfera federal quanto em âmbito estadual, os governos de oposição ameaçam rever contratos de concessão pública e privatização, o que assusta os investidores internacionais. No Paraná, os senadores Alvaro Dias (PSDB) e Roberto Requião (PMDB) firmaram compromisso público de reestatizar a Copel, o que poderia ser um risco para quem comprasse a companhia. "Não se trata de comprar a Copel de volta, mas de anular a privatização na Justiça", afirmou ontem Alvaro Dias. Ele disse que a possível subavaliação no preço será um "enorme argumento" para anular.
O senador deverá receber nos próximos dias um relatório que estabele o valor da Copel. Segundo Alvaro, o preço é superior a R$ 22 bilhões. O documento está sendo elaborado por uma empresa de consultoria que faz avaliações de estatais no setor de energia.