O governador Jaime Lerner disse ontem que qualquer corte de energia no Paraná "é um absurdo". Segundo ele, isso não seria uma colaboração do Estado para o País neste momento de crise energética. "Não é egoísmo, porque isso representaria jogar fora energia", afirmou. A declaração do governador foi motivada por afirmações dos gestores da crise de energia no Brasil que dizem que quando o Sul não tiver mais capacidade de transmitir o excedente do que é produzido aqui para o Sudeste, terá que entrar no racionamento.
O governador disse ontem que não concorda com o plano de racionamento proposto pelo governo federal, com taxas para quem cobrar mais e possibilidade de apagões. "Pode se conseguir bem mais com co-responsabilidade", opinou. Para Lerner, a população geralmente tem uma reação negativa em relação a medidas punitivas. O governador também não concorda que os setores produtivos sofram cortes de energia, o que pode prejudicar o desenvolvimento econômico do Brasil. "Não podemos colocar em risco esses setores, mas sim aqueles referentes a serviços, que possam redirecionar fluxos", acrescentou.
Um dos grandes problemas apontados por investidores para a construção de termelétricas, maneira mais rápida de conseguir energia, sem ficar na dependência das variações climáticas, era o preço do gás natural, cotado em dólar. O governador disse que o Paraná achou uma maneira criativa para solucionar esse problema, através de uma equação dos riscos cambiais. "Isso pode ser empregado nos outros 48 projetos de termelétricas que deverão ser feitas", apontou. Para ele, isso prova que podem se encontradas soluções para a crise energética sem que a população seja punida.
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De acordo com Lerner, a situação do Paraná, que por enquanto não deve sofrer com medidas de racionamento, é privilegiada, e que as empresas que se instalaram aqui vão se aproveitar disso. "Quando se falava de decisão estratégica, e havia a guerra fiscal entre os Estados, o Paraná soube oferecer melhores condições, e energia é um ponto fundamental", declarou.