Em meados da década passada, produtores rurais do Norte Pioneiro se uniram em um trabalho coletivo e adotaram o associativismo como formas de desenvolver a produção dos pequenos agricultores daquela região do Paraná e torná-la uma referência em produtos que se destacam pela alta qualidade. Como resultado desse esforço conjunto, alguns itens produzidos na região conquistaram o registro de IG (Indicação Geográfica). A certificação é uma garantia de procedência aos consumidores e um meio de agregar valor a quem produz e aumentar a competitividade no mercado.
Os primeiros a obterem o selo foram os produtores de café de 45 municípios do Norte Pioneiro, em 2012. Cinco anos depois, foi a vez do reconhecimento da goiaba de Carlópolis. E agora, no último dia 4 de outubro, produtores de morango de Jaboti, Japira, Pinhalão e Tomazina obtiveram o diferencial competitivo. Os fruticultores receberam a certificação na modalidade Indicação de Procedência, conferida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
A obtenção da IG é um processo longo que exige dedicação e trabalho intensos. No caso do morango, é a conclusão de um caminho que começou a ser percorrido em 2019, com a criação da associação de produtores. “Para ter uma IG, são necessários vários aspectos, mas é preciso que o produto já seja reconhecido, tenha notoriedade. Esse é o principal aspecto”, explicou o consultor do Sebrae no Norte Pioneiro, Odemir Capello. “O INPI não confere um selo para um produto de má reputação. Tem que trabalhar para melhorar a reputação, a sustentabilidade da produção, sem trabalho escravo, e a parte de defensivo tem que estar de acordo com o que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) preconiza.”
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Mais visibilidade
Capello destacou que a concessão da IG confere maior visibilidade ao produto porque sinaliza que há uma organização em torno da produção, um manejo diferente e mais responsável do produto e uma história por trás da produção. “Há uma valorização do produtor, uma melhoria das condições de vida desses produtores, que são todos pequenos.”
Para produções em menor escala, como é o caso da fruticultura, há uma oscilação maior do mercado consumidor e, com uma certificação que ateste a qualidade superior de um determinado produto, a IG surge como uma grande vantagem no processo de comercialização, afirmou Oriel Tiago Kölln, professor doutor do curso de agronomia e coordenador do programa de mestrado em agronomia da Uenp (Universidade Estadual do Norte Pioneiro). “O selo é uma grande conquista. Quando se unem os produtores e alguns setores produtivos e conseguem concentrar esforços sobre um objetivo (associativismo ou cooperativismo), é o que de melhor a agricultura tem feito. O selo é uma grande conquista e terem se unido é outra grande conquista. Todos ganham em relação aos lucros dessa venda”, ressaltou.”
Na outra ponta, destacou Kölln, ganham também os consumidores. Quem leva um produto com IG para casa leva também a garantia de padronização do cultivo e de produção. “É um ganha-ganha coletivo”, definiu.