Um grupo de cerca de 40 agricultores familiares de várias regiões do Paraná terminou pela manhã um jejum de 24 horas, na Praça Tiradentes, em frente à Catedral Basílica Metropolitana de Curitiba. Eles protestaram contra o descaso do governo federal em relação às reivindicações de entidades que representam cerca de 4 milhões de pequenos agricultores do Brasil. A vigília e o jejum terminaram no final da manhã, para não atrapalhar a cerimônia de Corpus Christi, que aconteceu no mesmo lugar.
A mesma manifestação aconteceu em Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e em Brasília. A pauta de reivindicações dos pequenos agricultores tem seis pontos que precisam ser cumpridos ainda este ano, segundo o coordenador da Frente Sul da Agricultura Familiar no Paraná, Luiz Perin. "Estamos encontrando muitas dificuldades em falar com o governo federal." Se o Plano de Safra 2001/2002, que deve ser anunciado nas próximas semanas, não atender as reivindicações, os agricultores pretendem organizar novas manifestações.
Uma das reivindicações é a ampliação dos créditos para custeio e investimentos na pequena propriedade. Para a safra 2000/2001, o governo federal previu R$ 4 bilhões para o Programa Nacional de Assistência à Agricultura Familiar (Pronaf) e só liberou R$ 2,8 bilhões. "Existe muita burocracia e isto dificulta o acesso aos créditos", diz Perin. Segundo ele, a agricultura familiar brasileira deveria receber anualmente R$ 6 bilhões em créditos do governo.
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Os pequenos agricultores também querem um programa de habitação para a zona rural, assistência técnica diferenciada, investimentos para formação de produtores em agricultura orgânica (sem uso de agrotóxicos), destinação de financiamentos para cooperativas de produtores e a extinção da portaria 56 do Ministério da Agricultura.
A portaria 56 prevê que a pasteurização do leite no Brasil deixe de ser feita pelo sistema lento e passe a ser adotada a pasteurização rápida. "Isso inviabilizará praticamente todos os pequenos produtores de leite do País, porque os equipamentos para o sistema rápido são mais caros", explica o produtor.
Leia mais em reportagem de Emerson Cervi, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta sexta-feira