Cerca de mil agricultores familiares do Paraná fizeram uma manifestação, na Praça 29 de Março, em Curitiba. O protesto faz parte de um conjunto de atividades para pressionar os governos estadual e federal a atender reivindicações do setor. O grupo, pertencente à Frente Sul, que reúne várias entidades representativas dos agricultores, vai permanecer na capital até amanhã, e espera conseguir uma audiência com o governador Jaime Lerner.
Durante o ato de ontem, produtores rurais fizeram uma "mística", ato que simboliza o plantio de sementes com reza. A intenção, segundo a produtora Dirce Lira, era de demonstrar as dificuldades econômicas que eles estão passando. "É preciso baixar os custos para o produtor, como o das sementes", opinou Dirce.
Depois da mística, o grupo foi à Secretaria Estadual do Meio Ambiente para requisitar a adoção de medidas quanto ao uso de agrotóxicos. De acordo com um dos coordenadores da Frente Sul, Altair dos Passos, os agricultores não querem mais o uso de produtos químicos nas lavouras, mas a maioria não tem dinheiro para adotar outras maneiras de proteger as plantações. Ele explicou que a Frente Sul defende a oferta de uma linha de crédito para os agricultores poderem fazer a conversão das lavouras.
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
Uma das principais reivindicações dos agricultores é a extinção de um projeto, em discussão no governo federal, que exige equipamentos específicos para a produção de leite. Uma das coordenadoras da Frente Sul, Salete Escher, disse que isso poderia prejudicar 152 mil famílias, de um total de 320 mil famílias agrícolas rurais do Paraná, que têm no leite a principal fonte de recursos mensais.
"Queremos mostrar que há outras maneiras de garantir a qualidade do leite, sem que o pequeno produtor seja prejudicado", declarou. O grupo também quer que o Paraná reconheça o método de resfriamento lento, bem mais barato que a utilização do equipamento para o método rápido.
Nesta quarta-feira pela manhã, os agricultores familiares vão à Assembléia Legislativa, com a intenção de pressionar os deputados a derrubarem o veto do governador Jaime Lerner a um programa de moradia familiar no campo proposto pelo grupo. De acordo com a assessoria do governo, o programa foi vetado porque o Paraná já possui o Paraná 12 Meses, destinado à moradia agrícola.
Leia mais em reportagem de Rosana Félix, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira