Os preços das principais commodities agrícolas têm recuado no mercado internacional. A receita pode ser compensada pelo aumento do volume exportado e a rentabilidade do produtor - no caso da soja - será compensada pelo aumento do dólar.
O café lidera essa queda. Os produtores de café estão vendendo o produto por um preço 50% inferior ao custo de produção e 47% menor do que os praticados no ano passado. A situação dos cafeicultores do Paraná é considerada insustentável pelo presidente da Associação Paranaense dos Cafeicultores, Ricardo Strenger. Segundo ele, o custo médio de produção de uma saca é de cerca de 70 dólares enquanto hoje o produto está sendo vendido a US$ 32,00/saca. "É o pior ano para a produção do café porque estamos recebendo os menores preços e tendo o maior custo de insumos em função da alta do dólar", explica.
Historicamente, o preço do café é de US$ 100/saca. No ano passado a cultura já teve um mercado difícil, com preços que ficaram na casa dos US$ 60,00. "Mas este ano a cultura está absolutamente impraticável", reclama. Apesar dessa situação, as exportações brasileiras devem ter um pequeno incremento, passando de 19 milhões de sacas no ano passado para 22 milhões neste ano.
A queda no preço internacional do produto está sendo provocada pela supersafra. Mas Strenger explica que a supersafra é do café robusta, uma qualidade que apresenta menos aroma, menos sabor e alto índice de cafeína. "É um café sem qualidade e que tem custo menor. E a indústria está aumentando a mistura desse café no café arábica, enganando o consumidor", critica.
Segundo ele, a mistura faz com que caia a qualidade do café industrializado, reduzindo o consumo. Por isso, a Associação Paranaense dos Cafeicultores está fazendo uma campanha, que já conta com a adesão de outros estados, para que o mercado diferencie o café na embalagem. "O consumidor tem o direito de saber o que está levando para casa", argumenta.
Só na Ásia, a produção de café robusta passou de três milhões de sacas em 1995 para 14 milhões este ano. Em compensação, a produção mundial de café arábica teve uma redução de 1,5% do ano passado para cá.
Por causa desse cenário, muitos cafeicultores paranaenses, especialmente do Norte Pioneiro, estão acabando com os cafezais velhos, cujo custo de produção é mais elevado. "Os produtores estão arrendando as terras para produtores de cana porque não têm como manter as plantações", conta Strenger.
Desempenho de preços de produtos agropecuários no mercado internacional. O frango foi exceção
- - - - 2000 - - - 20001 - - %
Café (saca) - - - U$ 60 - - U$ 32 - - -47%
Soja (saca) - - - U$ 11 - - U$ 9,9 - - -10%
Carne
bovina (arroba) - - - U$ 19,87 - U$ 15,6 - - - 21,5%
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
Carcaça
suíno (quilo) - - - U$ 1,19 - - U$ 1,04 - - -12,6% -
Frango (ton) - - - U$ 890 - - U$ 1003 - - +12,7%
Fontes: Apac, Ocepar e Seab