O setor exportador de commodities como soja e derivados, e carnes em geral (frango, suínos e bovinos), em função do volume de exportação, deve ser o mais afetado pela restrição de crédito à exportação, conforme foi anunciado pelo Programa de Estímulo à Exportação (Proex), na última sexta-feira. O governo anunciou que 70% dos recursos do Proex, previstos este ano, já estão comprometidos. A avaliação é do empresário Zulfiro Bózio, presidente da Associação dos Exportadores do Paraná, ao argumentar que o setor exportador tradicional que já tem uma faixa de crédito fixada para o ano, dificilmente será afetado.
Segundo Bózio, com a alta acentuada da cotação do dólar, o BNDES que concede os créditos dos incentivos do Proex está com seus recursos esgotados, daí a necessidade de limitar os financiamentos. "O governo precisa tomar novas medidas para ampliar a faixa de crédito para exportação", afirmou.
O empresário não acredita que o crédito à exportação esteja no final, mas admite que o governo esteja emitindo sinais para os exportadores não assumirem grandes compromissos que exigem crédito alto. Bózio acredita que o governo não quer estimular que os exportadores fechem contratos de financiamento com o dólar em alta, para terem prejuízo depois.
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O empresário Paulo Muniz, do setor avícola, também não acredita que o crédito à exportação esteja escasso. Segundo ele, a restrição do Proex pode ser uma manobra provisória do governo para que as empresas exportadoras recorram ao mercado para vender seus dólares, e com isso poderá ter um efeito de "esfriar" a cotação que está em alta. Ou seja, sem crédito as empresas que estão exportando tendem a "desovar seus dólares", o que forçaria uma baixa nas cotações. E as commodities seria o setor mais afetado porque representa um setor que está exportando muito rapidamente para aproveitar o período favorável da variação cambial, explicou.