O mercado de boi gordo está nervoso esta semana em função de sucessivas altas de preço. Nos últimos dois dias, a cotação do boi gordo evoluiu 4,5% e atingiu a cotação de R$ 47,00 a arroba no Paraná. Em relação ao início do mês a cotação do boi evoluiu 6,82%. Essa volatilidade vem sendo atribuída ao período de entressafra, onde a oferta de bois é escassa.
O pecuarista que tem animal neste período aproveita para negociar sua produção pela melhor oferta. "Há quem diga que só vai desovar a produção quando a arroba do boi atingir R$ 50,00", disse o médico veterinário Adelio Borges, do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral).
Outro fator que está exercendo pressão no mercado de boi gordo é o aumento de 59% nas exportações de carne bovina este ano, analisou Péricles Salazar, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do Paraná. Os frigoríficos exportadores, que precisam honrar seus contratos de longo prazo, estão provocando maior disputa para comprar o boi. Além do aumento das exportações, o período de final de ano favorece a formação de estoques de carnes por parte dos frigoríficos. Com isso, os preços das carnes de boi, de aves e suínos permanecem em alta, justificou Salazar.
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Os pecuaristas, por sua vez, estão aproveitando para negociar seus animais pela melhor oferta. Segundo Borges, o aumento de custos foi muito acentuado principalmente para os pecuaristas que investem em confinamento. "Chegou o momento deles ganharem dinheiro", afirmou. Segundo o técnico o custo de um confinamento está avaliado em média por R$ 2,50 por cabeça/dia.
Em função do aumento nos custos, este ano o número de animais confinados reduziu de 580 mil cabeças no ano passado para 500 mil cabeças, este ano em São Paulo. E o Paraná, que tinha 105 mil cabeças confinadas no ano passado, este ano mantém apenas 70 mil cabeças, daí a escassez de animais no mercado. "Portanto, quem tem animal acompanha as cotações e está esperando as ofertas melhorarem" diz Borges.
Borges acredita que o pecuarista terá fôlego para segurar o boi no máximo até o final do mês de novembro, quando começa o período de safra que será antecipado este ano. Este ano, tem o diferencial do aumento das exportações e os preços do boi devem se sustentar num patamar razoável mesmo no período de safra, afirma o técnico.
O mercado atacadista está conseguindo repassar os aumentos para o preço da carne, para desespero das donas-de-casa. O repasse vem sendo sustentado pela escassez das demais carnes (aves e suínos), cujas exportações também estão em alta. Para agravar a situação para o consumidor, o comércio varejista vem mantendo uma margem bruta de 70,89% no preço da carne.
Conforme levantamento do Sindicarnes, a peça de traseiro de 120 quilos é vendida ao varejista por R$ 450,00, que corresponde a um preço de R$ 3,75 o quilo. A receita obtida na comercialização desta peça está avaliada em R$ 769,00, que dá uma média de R$ 6,41 o quilo da carne de primeira.