A Amsted-Maxion - maior fabricante de vagões ferroviários no País com 80% do mercado - se uniu à paranaense Inepar e à América Latina Logística (ALL) para montar em Curitiba uma fábrica de vagões graneleiros. A linha de produção será construída dentro das instalações da ALL, em Curitiba, num prazo de quatro meses.
O projeto, que conta com os incentivos fiscais do governo do Estado, permitirá reaquecer o setor de moagem de soja em todo o Estado, que estava aos poucos sendo transferido para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as novas fronteiras agrícolas do País.
O anúncio do investimento foi feito pelos empresários das três empresas. Eles estiveram no Palácio Iguaçu para assinar o protocolo de intenções com o governo do Estado. O governo ofereceu como benefício os créditos tributários do ICMS das moageiras, que poderão ser usados para a compra de vagões de trens. "Com os créditos tributários haverá um mercado de 500 vagões para um ano e meio", estima o diretor comercial da Amsted, Vicente Abate.
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Os créditos são gerados com as operações comerciais entre os Estados. As moageiras recolhem impostos duplamente quando compram os grãos. Como a soja tinha de ser adquirida em Mato Grosso e o governo estava atrasando o pagamento do crédito tributário, as empresas estavam preferindo se transferir para o estado vizinho. Segundo o secretário da Fazenda, Ingo Hubert, as moageiras têm acumulado um crédito de R$ 100 milhões.
A parceria empresarial capitaneada pela Amsted deverá reaquecer o setor da soja no Paraná. "Transformaremos o problema da perda das beneficiadoras de soja e ganhamos ao fazer a fábrica de vagões graneleiros", disse o governador Jaime Lerner.
O Paraná tem uma capacidade de esmagar 10 milhões de soja, mas tem processado apenas 4 milhões de grãos paranaenses. O restante era comprado em outros estados. "Houve uma redução de pelo menos 30% no esmagamento de soja nos últimos anos", afirmou o presidente da ALL, Alexandre Behring.
O complexo da soja representa hoje um terço dos negócios da ALL no Sul do Brasil e na Argentina, regiões onde atua. O Paraná responde por 60% do total movimentado com soja. A ALL promete reduzir tarifas para as moageiras que investirem nos vagões.
A Inepar, que tem em Araraquara (SP) uma empresa especializada em metroferroviária, entrará no negócio fornecendo a logística de produção. O presidente do grupo César Fiedler disse que o investimento poderá gerar uma carteira de negócios de R$ 60 milhões.
A fábrica a ser montada nas instalações da ALL produzirá até 300 vagões por ano. Cada um tem um custo médio de R$ 115 mil. A empresa, que terá o nome de Amsted-Maxion do Paraná, deverá gerar 100 empregos. A grande vantagem do negócio para a Amsted é ter assegurado as moageiras como clientes.