O Programa Nacional do Leite, que prevê a a introdução de uma nova legislação para o setor entra em vigor de forma progressiva no país a partir de junho de 2002. A nova legislação, que vai resultar na comercialização de apenas um tipo de leite ao consumidor, foi discutida durante a abertura do Simpósio Internacional sobre Qualidade do Leite, que está sendo realizado em Curitiba.
Segundo Marion Ferreira Gomes, assessor do Dipoa - Departamento de Produtos de Origem Animal - a legislação entra em vigor primeiro nos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E a partir de 2004, nos estados do Norte e Nordeste. Enquanto isso, o setor fica submetido a uma legislação transitória, para que produtores e indústrias possam se adequar às novas regras, informou.
Com a nova legislação, as classificações de leite em A, B e C vendidas ao consumidor serão substituídas por um só tipo de leite cru resfriado, que vai se diferenciar dos produtos atuais pela qualidade. As novas regras vão exigir do produtor equipamentos para resfriamento do produto nas propriedades e instalação de ordenha mecânica. O micro e pequeno produtor que não tiver condições de investir nesses equipamentos terá acesso a equipamentos comunitários para se enquadrar na legislação.
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As entidades como Faep, Ocepar, Senar e Sindileite estão preocupadas em preparar o produtor e indústrias para essa nova realidade. Por parte das indústrias, elas terão que investir no transporte a granel e na valorização da qualidade do leite. Para isso, terão que pagar o leite pela qualidade que apresenta, como já se faz na maioria das cooperativas do Paraná.
Esse tipo de procedimento substitui o pagamento por cota, onde o produtor tinha um volume fixo para entrega do produto na indústria. Mas o pagamento por qualidade exige um controle mais rigoroso através de exames laboratoriais. Eles vão indicar cientificamente se o leite que está sendo recolhido corresponde ou não às novas especificações que serão exigidas, como o controle da mastite e das células sómaticas que indicam a presença de algum tipo de zoonose no animal.
Durante o simpósio vários palestrantes abordaram temas sobre a qualidade do leite em países que são grandes produtores como Suiça e Canadá. O suiço Melchior Schaellibaum, falou sobre o efeito da contagem de células somáticas na produção de queijo daquele país. Segundo Schaellibaum, quando o índice de células somáticas é alto, a composição do leite se altera com reflexos imediatos na fabricaçao do queijo. Ele explica que a coagulação do leite é insuficiente e o queijo não apresenta a firmeza exigida pelos consumidores.