O Ministério da Agricultura suspendeu portaria que proibia o trânsito de boi gordo e carne com osso das zonas tampão para os demais estados que conquistaram o status de área livre de febre aftosa com vacinação. Com isso, o trânsito de animais do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais poderão circular livremente para serem abatidos e comercializados em outros estados.
Os rebanhos desses quatro estados somam 38,2 milhões de cabeças, volume que vai provocar impacto no mercado dos demais estados, admitiu Alexandre Jacewicz, assessor econômico da Federação da Agricultura do Paraná.
A notícia foi comemorada pelo Sindicato da Indústria da Carne do Paraná (Sindicarnes). De acordo com o presidente da entidade, Péricles Salazar, agora vai haver uma reacomodação do mercado e os frigoríficos vão poder comprar o boi mais barato. A tendência é que que o preço da arroba do boi gordo caia no Paraná e demais estados que não podiam receber animais e carne do Mato Grosso do Sul, maior estado fornedor do País. Em compensação, o preço da arroba do boi deve se elevar no Mato Grosso do Sul.
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O Ministério da Agricultura cedeu a pressões que vinham sendo feitas pelos frigoríficos do Paraná, São Paulo. E ainda de produtores do Mato Grosso do Sul, que estavam com um rebanho de 23 milhões de cabeças represados naquele estado.
Até a semana passada, a Ministério garantia que iria suspender a portaria somente em maio quando a Organização Internacional de Epizootias reconhecer as zonas tampão e o Circuito Pecuário Leste como áreas livres de febre aftosa com vacinação.
O Ministério argumentava que não poderia colocar em risco um rebanho de animais que já eram considerados livres da doença pela OIE, enquanto não houvesse o reconhecimento formal da instituição para com os rebanhos das zonas tampão.
Segundo Salazar havia uma diferença de até R$ 4,00 por arroba entre os preços pagos no Paraná e São Paulo e no Mato Grosso. Com isso, os frigoríficos paranaenses e paulistas perderam competitividade, enquanto os pecuaristas do Mato Grosso do Sul ficaram com os animais represados amargando prejuízos que somavam R$ 500 mil por dia, disse um representante da Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul (Farmasul).
Nesta quinta-feira, a arroba do boi gordo estava cotada em R$ 36,00 no Paraná e R$ 34,00 no Mato Grosso do Sul. Salazar acredita que os preços entre os estados do PR, SP e MS estarão alinhados brevemente. ""Com isso, os frigoríficos se livram de manobras especulativas por parte de pecuaristas"", disse Salazar. Ele se referiu à intenção do presidente da Sociedade Rural do Paraná, Francisco Galli em segurar o boi gordo no pasto. "Agora nós vamos comprar o boi no MS"", avisou Salazar.
Leia mais em reportagem de Vânia Casado, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta sexta-feira