O Paraná vai colher a soja mais cedo nesta safra 2001/02 para liberar a área e fazer o plantio da safrinha de milho sem risco. O motivo é a boa perspectiva de preços para o milho motivada pela atual redução da área, estimada pela Ocepar em 20%.
A área destinada ao milho nesta safra de verão cai, então, para 1,490 de ha (1,870 milhão ano passado), ou cerca de 380 mil ha a menos. Em termos nacionais a produção de milho também cai, conforme têm mostrado os relatórios mensais do IBGE, confirmados pela Conab e Confederação Nacional da Agricultura.
Os dados sobre aumento de área da soja e redução do milho têm sido revistos todas as semanas, mas todos as previsões apontam números acentuados.
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A pergunta que se faz é a seguinte: um aumento na área - e na produção - do milho safrinha não reverteria a tendência de alta ano que vem?
Para o técnico Flábio Turra, consultado nesta sexta-feira, essa reversão não deve ocorrer e o milho terá um bom preço ao produtor. Um dos motivos é que o mercado não terá milho importado.
A importação de milho, hoje, está fora de cogitação, pelo menos para as regiões do Centro-Sul, face ao alto preço internacional. Ao preço do dólar comercial esta semana, o milho importado chegaria ao Brasil por R$ 17,00 a R$ 18,00/saca - mais custo da internação.
Importações, se houver, estarão sugerindo que a saca do milho safrinha estará, na pior das hipóteses, no mesmo patamar de preços.
Analistas de consultorias particulares também prevêem que "nenhum evento mercadológico" poderá evitar um preço "altamente rentável" para o milho, ou seja a lei da oferta e procura vai prevalecer sobre eventuais artificialismos.
Quando o prognóstico é nacional, o impacto é menor. A safra fecha com produção entre 38 e 39 milhões de toneladas para um consumo nacional de 37 milhões de t. Mesmo assim, oferta e demanda estão bem ajustadas. Além disso, o País deve exportar entre 2 milhões e 3 milhões de toneladas (5 milhões este ano), na previsão de Turra, da Ocepar.
Um fato importante para a agricultura do Paraná. As duas principais commodities, soja e milho (juntas representam 90% da produção de grãos na principal safra, de verão) devem receber preços remuneradores. A soja, apesar do aumento da oferta, terá seus preços sustentados pelo dólar. Já o milho, que não recebe tanta influência da moeda norte-americana, terá preços sustentados pela lei da oferta e procura. Menor oferta e a inviabilidade da importação de milho, vão garantir bons preços aos produtores.
Trigo O bom preço do milho safrinha não significa, necessariamente, grandes perdas da área de trigo - apesar da comercialização complicada da última safra de trigo, ainda em andamento. É que o trigo importado está entrando no mercado acima da paridade, entre R$ 370,00 e R$ 390,00/tonelada. A cotação do trigo nacional varia entre R$ 300,00 e R$ 310,00/t, no atacado. O produtor recebe menos: R$ 270,00 a R$ 280,00.
Apesar desses fatores que deixam o produtor insatisfeito, a expectativa é que, passada a comercialização argentina - o cenário se altere, acenando com boas condições para o produto brasileiro. Esta fase favorável deve acontecer no momento em que o produtor vai decidir o que plantar na safra de inverno de 2002.