O Paraná é o estado que deve receber mais recursos do Banco da Terra, programa destinado a financiar a compra de áreas rurais. Dos R$ 86 milhões aprovados ontem pelo Conselho Curador do programa, cerca de R$ 30 milhões virão para o Estado. Além disso, a média dos financiamentos passou de R$ 25 mil para R$ 30 mil por projeto, afirmou o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Antonio Poloni. Ele esteve ontem em Brasilia participando da reunião do Conselho Curador do Banco da Terra, coordenada pelo ministro da Reforma Agrária e Assuntos Fundiários, Raul Jungman.
As medidas foram bem recebidas no Paraná. O presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, disse que o volume de recursos destinados ao Paraná representa uma avanço, mas ainda não é o ideal. Destacou que a medida que houver demanda por terra, as reinvindicações terão que ser reavaliadas e monitoradas de perto para que o Estado tenha acesso a mais recursos.
O consultor da Federação da Agricultura do Paraná, Dalton Razzera, foi mais cauteloso. Ele disse que a Faep está satisfeita com o acordo feito em Brasilia, mas lembra que ainda assim os recursos são insuficientes para atender a demanda. Outra preoucpação levantada por Razzera é se os produtores beneficiados serão atendidos também pelo Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - que financia o custeio da lavoura.
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Razzera destacou ainda que a média por financiamento no Paraná deveria ser elevada para R$ 40 mil e não para R$ 30 mil como ocorreu. Segundo ele, aqui o valor da terra é mais alto que em outras regiões. Enquanto na região Nordeste se compra um hectare de terra entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00, aqui no Estado se paga entre R$ 2 mil e R$ 3 mil o hectare. "As terras roxas do Paraná são muito valorizadas", justificou.
Apesar das preocupações, Razzera destacou os pontos positivos do programa Banco da Terra, que na sua opinião "representa uma reforma agrária inteligente". Isso porque o produtor beneficiado tem um compromisso com o banco e terá que se esforçar e trabalhar para quitar sua dívida. Segundo Poloni, os R$ 30 milhões começarão a ser aplicados ainda este ano. E para 2001 pretende negociar mais recursos, adiantou.
Através do programa Banco da Terra, os agricultores têm acesso ao crédito para a compra do imóvel rural e o financiamento da estrutura não produtiva. Os financiamentos têm juros que variam de 4% a 6% ao ano, dependendo do valor financiado. O prazo de pagamento é de 20 anos, com três de carência. Até agora, o Banco da Terra já repassou R$ 10 milhões ao Estado, beneficiando 230 familias. Para o custeio das lavouras e investimentos, os agricultores são atendidos pelo Pronaf. Até agora, as 230 famílias já atendidas receberam R$ 2 milhões, com juros fixos de 5,75% ao ano.