Entidades paranaenses representativas do setor de triticultura reuniram-se durante a semana com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, e outros membros do ministério para propor ao Governo Federal algumas iniciativas que visam fomentar a cultura do trigo no País. De acordo com Norberto Ortigara, diretor da secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), as propostas apresentadas visam dobrar a produção brasileira nos próximos quatro anos, permitindo ao setor atender pelo menos 60% da demanda interna pelo produto.
Para Norberto, ações nesse sentido são importantes porque o Brasil não pode continuar gastando US$ 1 bilhão por ano para importar de sete a oito milhões de toneladas de trigo. O País consome dez milhões de toneladas anuais mas produz no máximo 30% dessa demanda. ‘É uma questão de segurança alimentar’, disse, reforçando que não é viável depender de importações.
Noventa por cento do trigo comprado do exterior vem da Argentina. ‘Com a crise naquele país, pode haver dificuldade no fornecimento. Se tivermos que procurar trigo americano ou canadense, pagaremos de 30% a 40% a mais pelo produto’, explicou. Segundo ele, também é importante investir no setor porque a cultura permite manter o solo ocupado durante o inverno, otimiza a utilização do parque de máquinas da propriedade, movimenta o comércio de insumos e dá lucros aos produtores. ‘Os riscos são inerentes às culturas de inverno’, esclareceu.
Propostas
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A proposta entregue pelos paranaenses ao Governo Federal enfatiza três aspectos principais. Em primeiro lugar, é preciso haver crédito. De acordo com o diretor da Seab, os bancos estão dispostos a financiar o plantio. ‘Pedimos R$ 515 milhões para a safra deste ano’, informou.
Outra necessidade são mecanismos que garantam a liquidez e consequentemente maior renda, como é o caso do Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) e dos contratos de opção, além da fixação de um preço mínimo de R$ 296 por tonelada. Essas ações são especialmente importantes para produtores do sul do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que colhem mais tarde e acabam tendo que concorrer com a safra argentina.
Por fim, pleiteiam um barateamento do seguro rural, que hoje corresponde a até 7% do valor do financiamento. Norberto explicou que há um projeto de lei propondo o subsídio de 50% do valor do seguro, que deve ser aprovado apenas no ano que vem. ‘É preciso encontrar uma solução para este ano’, disse. Fortalecimento da pesquisa, redução do custo Brasil e financiamento de armazéns privados também constam da lista de propostas apresentadas.
Prazo
De acordo com Norberto Ortigara, o ministro Pratini de Moraes sinalizou positivamente com relação às propostas e garantiu que tentará viabilizar os pedidos. É importante que o Governo Federal responda às reivindicações até fevereiro, para que os produtores possam se programar para a safra de inverno, decidindo se plantarão trigo ou milho safrinha. O Paraná é o maior produtor nacional. Ano passado foram cultivados 875 mil hectares (ha) no Estado. Em 2002, a previsão é ampliar a área para mais de um milhão de ha