A cotação do milho recuou entre 6% a 7% nos últimos 15 dias, tanto no atacado como no preço pago ao produtor. Esse quadro reflete a postura do mercado que está descartando uma explosão de preços como vinha sendo previsto para os meses de novembro e dezembro. A queda de preços está sendo provocada pela entrada de produtos substitutos ao milho no mercado, como triguilho e milho de baixa qualidade em função da geadas. As importações já realizadas também deixaram abastecidas as grandes empresas consumidoras e a redução do plantel de aves foram fatores decisivos para a redução no consumo de milho esse ano.
O produtor que recebia em média R$ 11,04 a saca no início do mês, ontem estava recebendo R$ 10,70 a saca do produto ontem, segundo cotação do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral). No atacado, o preço caiu de R$ 12,80 a saca para até R$ 11,30 a saca, ontem. Ao contrário do que o mercado previa, os preços estão caindo em pleno período de entressafra e depois do milho safrinha ser praticamente dizimado pelas geadas no Paraná.
A engenheira agrônoma do Deral, Rossana Catiê Bueno de Godoy, defende que houve algum erro de previsão. " Ou a safra nacional de milho foi superestimada ou o quadro de demanda foi subestimado", disse a técnica. Na sua opinião, a última hipótese pode ser mais indicada já que os agentes de mercado dificultam as informações para elaboração do quadro de oferta e demanda, principalmente esse ano onde quando se previa escassez do produto.
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O assessor econômico da Organização das Cooperativas do Paraná, Flávio Turra, é da opinião que houve um excesso de importações e muitas dessas operações foram " escondidas" da imprensa, para que o movimento Greenpeace não tentasse embargar o desembarque do produto, sob a suspeita de ser transgênico. Turra ressalta que o quadro de escassez ainda permanece e até a entrada da nova safra, em meados de janeiro, há possibilidade de pequena retomada nos preços.
Num levantamento feito por Catiê nos principais estados consumidores de milho, o consumo vem sendo superestimado pela Conab- Companhia Nacional do Abastecimento. Ela aponta que o órgão federal prevê um consumo anual de 35 milhões de toneladas, enquanto no ano passado o consumo ficou em 33.239.544 toneladas, ou seja ficou abaixo do estimado. Com isso previa-se importar em torno de 2 milhões de toneladas no ano passado e foram importados apenas 822 mil toneladas.
Outra correção foi promovida pelo Deral no Paraná, que está reavaliando os índices de produtividade que vão resultar no aumento da estimativa de produção para a safra 2000/2001. Segundo Catiê a reavaliação nas estimativas estão sendo motivadas pelo aumento do uso de tecnologia por parte do produtor. Com isso, o indice médio esperado que variava de 3.749 quilos por hectare a 4.108 quilos por hectare foi reavaliado para 4.097 quilos por hectare a 4.481 quilos por hectare. A técnica acrescenta que o material genético oferecido é de melhor qualidade e a técnica do plantio direto também está se ampliando, mesmo entre os pequenos produtores.