Agricultores do litoral do Estado que cultivam há dois anos arroz sem o uso de aditivos químicos, com boa produtividade, comemoram agora a conquista da certificação do Instituto de Biodinâmica (IBD), que garante a qualidade dos produtos orgânicos. "A produção não certificada fica sem espaço dentro dos mercados dos grandes centros consumidores", diz o técnico Justino de Oliveira, da Emater.
A área plantada no Litoral com arroz orgânico é de 350 hectares, entre os municípios de Antonina e Guaraqueçaba. São 12 agricultores, que nesta safra devem colher pelo menos duas mil toneladas do produto. A região cultivada foi decretada Área de Preservação Ambiental (APA) em 1986, o que forçou os produtores a buscar novas alternativas de plantio, como forma de se manter na atividade sem agredir o meio ambiente.
O arroz sem insumos químicos não perde em produtividade para o produto cultivado pelo sistema convencional. Para cada hectare cultivado, os agricultores estão colhendo em média 6 mil quilos de arroz. Em algumas lavouras, os produtores conseguiram colher até 7 mil quilos/ha.
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Os técnicos locais da Emater promovem cursos, reuniões e excursões para capacitar os agricultores. Além do treinamento, os técnicos acompanham junto com os produtores todos os passos da cadeia produtiva, esclarecendo dúvidas e apontando soluções. No total, 195 agricultores recebem orientação da Emater sobre plantio orgânico.
"Trabalhamos com capacitação, assessoria técnica e até na questão da comercialização", diz a engenheira agrônoma Ruth Pires. Os agricultores do Litoral vendem a produção por meio de um moinho de Santa Catarina e, por isso, o arroz acaba sendo comercializado como produto convencional. "Se fosse vendido como arroz orgânico, teríamos um ganho 30% maior", calcula o produtor Fernando Nelson da Silva.
"O arroz orgânico tem que ter um beneficiador específico", confirma Ruth Pires. O agricultor Fernando da Silva tem uma área de 50 hectares plantada com arroz orgânico, em Antonina. Ele veio de Santa Catarina há três anos para buscar terras cultiváveis no litoral paranaense. Fernando é o tesoureiro da Associação Agrolitoral, criada em novembro passado, com assessoria da Emater, que reúne os produtores orgânicos.
Com a união, os agricultores conseguiram o certificado do IBD. "Individualmente, o processo de certificação ficaria muito caro", explica Fernando. Agora, os produtores buscam uma forma de beneficiar o arroz na região, para obter preços melhores na hora da comercialização. A Associação Agrolitoral também reúne produtores de maracujá, banana, hortaliças, mandioca e inhame.