Cerca de 250 agricultores familiares participaram de uma manifestação no final da tarde na Boca Maldita, centro de Curitiba, contra mudanças na produção de leite que o Ministério da Agricultura quer implantar a partir de junho de 2002. Os manifestantes faziam parte de um grupo de 700 agricultores que participaram do Encontro Estadual dos Agricultores Familiares Produtores de Leite, realizado ontem na cidade.
A principal reclamação dos agricultores, reunidos na Frente Sul da Agricultura Familiar, é a portaria 56 do Ministério da Agricultura. O texto determina que toda a produção de leite seja mecanizada. De acordo com o coordenador da Frente, Luís Pirin, essa medida vai excluir 80% dos 670 mil pequenos produtores da Região Sul porque eles não vão ter condições de arcar com os custos.
"O agricultor teria que produzir 300 litros de leite por dia para viabilizar a compra dos equipamentos necessários", afirmou Pirin. Segundo ele, a maioria dos produtores da Região Sul (560 mil) produzem de 30 a 70 litros por dia. "Não é questão de sanidade, porque isso não somos contra, mas o método tecnológico que se quer implantar", relatou. Pirin disse que a portaria 56 daria mais espaço para as grandes empresas se estabilizarem. Segundo ele, aproximadamente 80% do leite consumido no Brasil vem de pequenos produtores.
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A Frente Sul propõe que o governo dê incentivos aos pequenos agricultores para que eles possam mecanizar a produção. "Se tivermos recursos e equipamentos voltados à pequena propriedade adotamos a portaria na hora", disse. O governo federal também quer exigir dois exames mensais nos animais para averiguar a sanidade do rabanho. "Concordamos com isso desde que o governo federal ou estadual arque com os custos e o agricultor não tenha ônus", acrescentou. No dia 7 de novembro, a Frente Sul tem uma reunião com representantes do Ministério da Agricultura, em Brasília, para discutir essas propostas.