Os produtores de uva de Nova Prata do Iguaçu, no Oeste do Paraná, conseguiram triplicar a produção da fruta na última safra com a adoção de práticas adequadas de manejo. Com a assistência de especialistas em fruticultura da Emater, a safra saltou de 15 toneladas para 45 toneladas.
A produção de uva no município tem algumas particularidades, como o clima da região, que favorece as variedades precoces. Por isso, os produtores optaram pelo plantio da uva tipo niágara branca e niágara rosada em 90% da área dedicada à cultura - cerca de seis hectares. A colheita é feita até a primeira quinzena de dezembro, antecipando em quase um mês a data usada em outras regiões produtoras.
Na última safra, pela primeira vez, os produtores de uva de Nova Prata do Iguaçu receberam a assistência técnica especializada. Um convênio foi firmado entre a Emater e a prefeitura para fazer um acompanhamento mais próximo das lavouras. "Foi uma mudança da água para o vinho", brinca Ericsson Marx, agrônomo da Emater.
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Segundo ele, na safra de 2000 os agricultores não levaram em conta as recomendações técnicas. "Com um especialista, o pessoal abriu o olho para as práticas que devem ser feitas rotineiramente para garantir a produção, como o tratamento adequado de doenças", diz Marx.
Com o acompanhamento dos técnicos, os produtores estão fazendo o correto manejo do solo e adotando práticas de adubação para manter os parreirais produtivos, trabalho que também aumenta a vida útil dos cultivos. "Os parreirais têm, em média, quatro anos. Com o manejo correto, a produção pode continuar até as plantas atingirem 40 anos de idade", confirmou Marx.
A uva produzida em Nova Prata do Iguaçu é quase toda comercializada na região, principalmente em Medianeira e Foz do Iguaçu. Parte da produção vai para Santa Catarina. Na última safra, no início da colheita, o preço médio pago ao produtor chegou a R$ 0,80 o quilo. Esse valor garantiu um rendimento bruto de R$ 8 mil por hectare, já que a produtividade chega a 10 toneladas/ha. A perspectiva é de que esse lucro aumente, já que a produtividade deve pelo menos chegar a 15 toneladas/ha na próxima safra.
O técnico Ericsson Marx prevê um aumento de 15% na área com uva na próxima safra. Ele diz que o bom rendimento das lavouras está mostrando aos produtores que a fruticultura é viável, mesmo numa região onde o cultivo de cereais ainda é dominante. "Se o agricultor fosse plantar milho na mesma área, teria que aumentar em quatro vezes a produtividade para atingir o mesmo rendimento da uva", calcula.
Agora, um grupo de agricultores dos municípios está se especializando na produção de uva orgânica. As propriedades passaram pelo processo de conversão e na próxima safra já devem contar com o selo do IBD (Instituto Biodinâmico de Botucatu). Numa área de 1,5 hectare, foram colhidas 15 toneladas de uva, sem o uso de adubo ou defensivo químico. "O fato de ser orgânica aumentou o interesse dos compradores", confirma Marx.
Em Nova Prata do Iguaçu, a prefeitura e a Emater atuam juntas. Os técnicos acompanham desde as práticas rotineiras, como adubação, poda e controle de pragas, até a colheita, transformação e comercialização da uva. " Há uma troca de experiências e o agricultor é levado a pensar em grupo; às vezes, fica mais fácil comprar insumos ou comercializar a safra em conjunto", diz o especialista em fruticultura Odilson Peliser, da Emater.
Para ele, o cultivo de frutas tem boas perspectivas na região. Peliser afirma que está aumentando a procura dos produtores e também a demanda por frutas. "Um dos pontos que fortalece a atividade é o programa Fábrica do Agricultor, que se tornou uma nova porta para o uso de frutas como matéria-prima", destaca. Segundo o técnico, as frutas movimentaram no Paraná R$ 2,9 milhões no ano passado.