O Tribunal de Contas da União (TCU) comprovou que houve desvio de recursos públicos destinados à reforma agrária pela Cooperativa de Trabalhadores Rurais e Reforma Agrária do Centro-Oeste (Coagri), localizada na região de Bituruna (a 76 km de União da Vitória) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O TCU deu prazo de 60 dias para que a Coagri apresente relatório da movimentação financeira entre 1996 e 2000, período em que foram comprovadas irregularidades. O órgão também exige explicações do Banco do Brasil e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O banco deve informar ao TCU, também em 60 dias, o resultado de várias operações realizadas com a Coagri, de valores que ultrapassam R$ 3,7 milhões.
Há uma operação específica que o TCU quer detalhes, no valor de R$ 4 milhões, efetuada em agosto de 1998. O crédito, referente ao custeio da safra, devia ser pago ao banco em agosto de 2000, o que não aconteceu. Segundo o TCU, a Coagri relatou que os assentados é que respondem pelo débito. Porém, o órgão apurou que alguns débitos quitados na cooperativa não foram repassados ao Banco do Brasil.
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A cobrança de ''pedágio'' de 3% por parte da Coagri e do MST sobre o valor repassado às famílias assentadas também foi comprovado pelo TCU. A cooperativa cobrava diretamente do associado ou através da aquisição de mercadorias, operação na qual os comerciantes elevavam o preço do produto para repassar a diferença ao MST. ''A política do MST sempre foi das famílias assentadas contribuírem com o movimento, mas a contribuição sempre é voluntária'', afirmou o membro da coordenação do MST no Paraná, Roberto Baggio.
O ministro-relator do TCU, Valmir Campelo, vai promover audiências com os superintendentes regionais do Incra e do Banco do Brasil no período de 1996 a 2000, para verificar as causas de atrasos na transferência de recursos para o custeio da safra. Nem o Banco do Brasil nem o Incra se pronunciaram ontem sobre o assunto, argumentando que precisavam tomar conhecimento da decisão do TCU. A reportagem deixou recados mas não conseguiu conversar com ninguém da Coagri.