Nos últimos quatro anos, o setor do agronegócio no Paraná está estagnado em um terço do PIB do Estado, o que corresponde a aproximadamente R$ 18 bilhões. A falta de espaço desse setor no bolo da economia deve-se mais ao crescimento de setores que antes não existiam como o metalmecânica (incluindo a indústria automotiva e todos os seus fornecedores), do que decréscimo desse segmento, avaliou Gilmar Lourenço, coordenador do núcleo de Economia do Ipardes - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social.
Lourenço comentou o desempenho do agronegócio paranaense diante do quadro de que o setor na economia nacional está perdendo posição. Nos últimos 10 anos, a participação do agronegócio brasileiro na formação do Produto Interno Bruto brasileiro caiu de 32% para 20,6%, conforme pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agribusiness (ABAG).
O técnico destacou que essas informações devem ser encaradas com cautela porque o setor foi usado pelo governo federal como anteparo com a âncora verde no início do Plano Real. Enquanto isso, nesse período outros setores da economia passaram por reestruturações e processos de modernização que estão resultando no crescimento econômico. " É óbvio que esse processo também está se refletindo no Paraná", ressaltou.
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
Para Lourenço, a médio prazo a participação do agronegócio paranaense poderá ser ainda menor no PIB do Estado, não por perda de dinamismo do setor. Mas pelo crescimento de setores emergentes. Só a indústria automotiva e seus fornecedores de primeira linha investiram R$ 5 bilhões no Paraná. Dentro de quatro ou cinco anos, essas fábricas deverão estar operando com plena capacidade e o retorno do investimento vai ampliar a participação da Metalmecânica no PIB paranaense, o que antes não existia, explicou.
De acordo com Lourenço o Paraná está numa posição intermediária. Não é nem um mero processador de matéria prima agroindustrial, mas também não é um grande produtor de alimentos prontos. Citou como exemplo o caso do complexo soja, onde as atividades existentes no estado se resumem à produção de farelo para exportação. "Mas não refinamos o óleo", explica. Da mesma forma ocorre com o setor de frigoríficos. Boa parcela das atividades dessas empresas se concentra no abate de animais. Mas a industrialização de carnes ocorre fora daqui.
Apesar disso, vislumbra-se um potencial expressivo para o agronegócio do Paraná. Lourenço adiantou que o Programa Paraná Agroindustrial, que está sendo empreendido pelo governo do estado, vai estimular a maior diversificação do setor agroindustrial, para agregar mais renda à produção. A coordenação do programa pretende estimular a incorporação de novas tecnologias para que o setor do agronegócio no Estado seja competitivo.
Para Lourenço as cooperativas de produção é o diferencial que torna o cenário no Estado propício a esse crescimento. Isso porque elas ofertam a maior parte das matérias-primas e não têm conflito com os produtores como às vezes ocorre na relação empresa e produtor. Além disso, elas já têm expressiva capacidade de industrialização e a maioria já passou por processo de modernização da produção, comparando-se à grandes empresas da iniciativa privada. O técnico disse ainda que elas são as grandes identificadoras a nível regional de novas oportunidades de investimentos e de aglutinação de recursos, onde grande parte da produção de novos produtos poderão ser viabilizados daqui para frente.