O economista Cid Cordeiro, de Curitiba, não vê risco de calote na dívida externa brasileira no curto prazo, apesar das fragilidades do País no fechamento das contas externas. A ameaça de calote da dívida externa preocupa as empresas brasileiras, que perdem crédito no mercado internacional. Além disso, sobem as taxas de seguro das exportações e os juros que financiam as operações.
De acordo com o economista, o empréstimo que a equipe econômica do Brasil está negociando com o Fundo Monetário Internacional (FMI) é justamente para acalmar o mercado e evitar especulações sobre um possível calote, como alertou a consultoria internacional Economist Inteligence Unit (EIU). Por outro lado, Cordeiro não tem a mesma certeza que não haverá um calote caso a crise da Argentina se prolonge ainda mais.
Isso porque o Brasil não sobrevive a um ataque especulativo à moeda, já que não tem como saldar sua dívida. A dívida externa do Brasil representa hoje cinco vezes o volume de exportação anual do Brasil, ao redor de US$ 55 bilhões por ano. ‘Os indicadores nas contas externas do País são muito frágeis e não garantem a resistência do País a um possível ataque, a não ser que recorra ao FMI’, explica Cordeiro.
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Além do elevado passivo em relação à dívida externa de médio e longo prazos, o Brasil também tem dívidas externas de curto prazo que representam mais de 80% das reservas. Em março/2001 as reservas eram de US$ 34 bilhões e a dívida, R$ 28 bilhões. A dívida de longo prazo é de US$ 208 bilhões, diz o economista.
As consequências dessa instabilidade para as empresas não são boas. A certeza é de redução do crescimento econômico e aumento do desemprego. Cordeiro atribui essa situação à falha de planejamento da equipe econômica do governo FHC. ‘Primeiro a equipe manteve a artificialidade da moeda no período de 1994 a 1998, acompanhada de altas taxas de juros. Essa combinação arruinou nossas contas externas e internas’, diz.
Outro equívoco da política econômica foi a privatização das empresas de serviços, ele diz. Essas empresas remetem o lucro anual para suas sedes em outros países, desequilibrando ainda mais o balanço de pagamentos. ‘A atração de capital externo deveria fixar como âncoras as empresas exportadoras, que aumentam o fluxo de produtos daqui parafora e rendem dólares ao País.’