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INFLAÇÃO

Escalada dos de preços trouxe para 2021 o temível cenário dos anos 1980

Marcos Martins - especial para a FOLHA
26 set 2021 às 10:02
- Istock
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A um aumento contínuo e generalizado dos preços de produtos e serviços em uma economia dá-se o nome de “inflação”. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa mostra a origem da palavra: do latim “inflatio,onis”, também significa “inchação, inchaço, tumor, edema, hidropisia, distensão gasosa, meteorismo, flatuosidade, cólica, timpanite, dilatação (da água vaporizada)”.


Para medi-la, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos, por meio de um levantamento mensal, realizado em 13 áreas urbanas do Brasil, o que envolve aproximadamente 430 mil preços de 30 mil locais. Os valores são comparados com os preços do mês anterior, resultando em um único índice que reflete a variação geral de preços ao consumidor daquele período.

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O indicador começou a ser calculado em 1980 e, desde então, a maior variação mensal foi em março de 1990 – 82,39% –, enquanto a menor variação aconteceu em agosto de 1998, de -0,51%. Se a variação do seu salário, de um ano para o outro, for menor do que o IPCA, você perde seu poder de compra, já que os preços sobem mais do que a renda.

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Como ela “queima” o poder de compra da população, já que um valor em dinheiro compra cada vez menos do mesmo bem ou serviço, a inflação ganhou a figura de um dragão para representá-la. E, atualmente, o monstro vem queimando como há muito não se via no Brasil. A estimativa para 2021, que no início de janeiro era de 3,32%, alcançou 8,35% na última semana.

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O assunto causa arrepios na fisioterapeuta Fátima Rodrigues, que lembra bem o caos dos anos 1980, quando a escalada da inflação causava uma disputa diária, nas gôndolas dos mercados, com os remarcadores de preço. “Quase todo dia o preço das coisas mudava, sempre subia. Você recebia o dinheiro e tinha que fazer as compras logo, senão perdia valor. Era comum o funcionário com a maquininha na mão, trocando os preços, e a gente correndo para pegar um produto antes disso acontecer, já que naquele tempo não passava o código de barras no caixa”, relembra.


A hiperinflação – chamada assim quando atinge níveis superiores a 50% ao mês – no Brasil foi uma realidade entre as décadas de 1980 e 1990. Com números elevados desde antes da ditadura militar, a inflação piorou muito no período, com média anual de 69,89% ano ano e pico de 235% em 1985. Com a redemocratização, sucessivos planos econômicos tentaram uma saída. Os planos Cruzado, Cruzado II, Bresser e Verão, durante o mandato do presidente José Sarney, tiveram de tudo — congelamento de preços, corte de zeros, moratória de dívidas, desvalorização cambial e criação de novas moedas. Apesar de momentos curiosos, como em 1986, quando os “fiscais do Sarney” denunciavam aumentos nos mercados na época do congelamento de preços, todos os planos fracassaram.

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Com a eleição de Fernando Collor, em 1989, vieram os planos Collor e Collor II. O primeiro entrou em vigor em março de 1990, quando o índice de inflação estava na casa dos 80%. Trouxe como medidas a mudança da denominação da moeda de “cruzados novos” para “cruzeiros” e o confisco das cadernetas de poupança de quem tivesse valores acima de 50 mil cruzeiros. O governo pretendia devolver os recursos da poupança em 18 meses, com correção de 6% ao ano, o que nunca ocorreu. Esse sequestro é até hoje associado ao nome do ex-presidente, que sofreu impeachment em 1992.


Itamar Franco, que o sucedeu, lançou mão do Plano Real, liderado pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Embora tenha deixado o cargo quatro meses antes da entrada em vigor do plano, FHC é até hoje associado à medida que finalmente trouxe calmaria à economia brasileira e acabou pavimentando seu caminho ao Palácio do Planalto – o IPCA, que em junho daquele ano era de 47,43%, caiu para 6,84% no mês seguinte e chegou a 1,86% em agosto de 1994. Um ano depois, estava em 0,99%.


“Eu lembro que foi um alívio. Depois de tanto tempo daquela bagunça, a gente podia planejar as coisas. Você recebia o salário e podia planejar o que iria comprar, quando iria comprar. Você ia ao mercado em uma semana, na seguinte o preço das coisas era o mesmo. O salário não desvalorizava, mal dava para acreditar”, rememora Rodrigues. O mecânico Cecílio Naldani também conheceu as duas realidades e agora reclama da alta geral dos preços no país. “Cada vez que a gente vai no mercado, gasta mais e leva menos, está cada vez mais triste”, dispara.


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