Londrina

Júri do caso Estela Pacheco é adiado pela sexta vez

13 mar 2017 às 16:47

O desembargador Clayton Camargo do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), determinou em liminar, nesta segunda-feira (13), o desaforamento do júri popular do caso Estela Pacheco, no qual Mauro Janene Costa é réu. Com este pedido de desaforamento da defesa do agropecuarista, o júri popular marcado para o próximo dia 16, foi adiado pela sexta vez.

De acordo com o advogado auxiliar do Ministério Público, Marcos Ticianelli, a defesa de Janene pediu para mudar o julgamento para outra cidade com o argumento de que o júri em Londrina estaria influenciado em relação à campanha "Justiça para Estela".


No entanto, segundo Ticianelli, o argumento não se sustenta, pois a filha de Estela, a jornalista Laila Pacheco Menechino, só pede que o caso seja julgado. "É muito diferente de um clamor público. Mas respeitamos o pedido e aguardamos a decisão", afirma o advogado.


A reportagem do Portal Bonde tentou entrar em contato com a advogada de defesa de Janene, Gabriela Roberta Silva, mas sem sucesso.


O caso


Estela foi lançada do apartamento do réu Mauro Janene, no 12º andar do Edifício Diplomata, no centro de Londrina, no dia 14 de outubro de 2000. Mauro é sobrinho do ex-deputado federal José Janene, um dos pivôs do escândalo do mensalão, morto em 2010.


O processo é marcado por várias suspensões de audiências e julgamentos. O último adiamento do júri ocorreu em dezembro de 2014, devido a um habeas corpus impetrado pela defesa do réu no Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido da defesa só foi julgado em abril do ano passado, cerca de um mês depois de Laila Menechino encaminhar uma carta manuscrita ao então presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, na tentativa de sensibilizá-los sobre a demora no julgamento.


"Estava tudo suspenso no STF. Tinha tudo para julgar [o HC] e eles não julgavam. E era um período em que a política do país estava pegando fogo. Então, no Dia da Mulher do ano passado, fiz um apelo, de próprio punho e, em abril, o processo voltou a andar", conta Laila. Ela admite que não tem como saber se a carta teve alguma influencia, mas ela prefere crer que sim.


Caso este mesmo crime tivesse sido cometido a partir de 10 de março de 2015, ele seria acusado de homicídio qualificado enquadrado na nova lei de feminicídio, nome dado para o assassinato de uma mulher envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição feminina.


Desde o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, internautas que apoiam o movimento "Justiça para Estela" trocaram suas fotos de perfil nas redes sociais por uma foto da vítima, como forma de pressão para o que o réu fosse finalmente julgado.

A filha de Estela tinha apenas 14 anos quando foi informada da morte de sua mãe. "Era semana de saco cheio e eu estava visitando parentes em outra cidade. Quando aconteceu, ninguém conseguia me explicar direito o que tinha ocorrido", conta.


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