Embora em 1995 a lei federal 8.987 tenha aberto a possibilidade de privatização dos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, a iniciativa privada pouco conseguiu penetrar neste setor nos últimos 13 anos, que ainda tem 75% do mercado controlado pelas companhias estaduais de saneamento, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON).
Um dos mercados que interessa às empresas é Londrina, cujo contrato de prestação de serviços de abastecimento e saneamento com a Sanepar expirou em 2003 e vem, desde então, sendo renovado em caráter emergencial. Até agora, ainda não se definiu como ficará o serviço, embora o prefeito Nedson Micheleti (PT) defenda claramente a renovação do contrato com a Sanepar, por meio de uma concessão direta.
O presidente da ABCON, Yves Besse, acompanha a situação da cidade e garante que "todas as empresas" têm interesse em explorar o serviço em uma cidade como Londrina. O interesse, entretanto, esbarra na questão política.
Yves afirma que no Paraná os prefeitos sofrem "uma pressão violenta da Sanepar" para manter a empresa prestando o serviço. "Não estou falando que isso é ilegal, mas sim, que isso acontece. Faz parte do jogo político. Quanto a nós, empresas privadas, resta tentarmos convencer os prefeitos de que nosso serviço pode ser melhor". Na opinião do dele, Requião "odeia a privatização" por questões ideológicas.
As empresas privadas representam hoje apenas 10% do mercado de saneamento básico. Até 2017, o setor pretende alcançar a casa dos 30%, com previsão em investimentos na ordem de R$ 20 billhões. No Paraná, apenas o município de Paranaguá tem o serviço de água e esgoto prestado pela iniciativa privada.
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