Cientistas da Universidade do Sul de Santa Catarina e da Universidade Federal de Pernambuco estão trabalhando no desenvolvimento de um inseticida que mata as larvas do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue.
"Nossa idéia é desenvolver um larvicida barato e viável para a população", afirmou a coordenadora das pesquisas da Unisul, Onilda Silva.
A bióloga explica que os inseticidas disponíveis ou são importados e, portanto, têm um custo muito alto ou são muito tóxicos e acabam afetando outras espécies.
"Já fizemos extensivos testes e os extratos das plantas matam as larvas, mas ainda temos muita coisa a fazer (até a aprovação)", disse Onilda.
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Se os testes previstos forem bem-sucedidos, o inseticida será submetido à aprovação do Ministério da Saúde no final de 2008 e, no caso de ser aprovado, poderá ser comercializado no início de 2009.
Os pesquisadores estão estudando a combinação de doses de duas substâncias naturais - a andiroba e o cinamomo - com uma terceira substância produzida sinteticamente a partir de componentes naturais, que ainda está sendo desenvolvida pela equipe da Federal de Pernambuco.
Segundo Onilda, a combinação das substâncias aumentaria a eficácia do inseticida em relação aos que são feitos à base de um único componente.
"(Nos inseticistas de uma só substância), é muito fácil para o organismo do mosquito adquirir resistência. Quando você tem uma associação de vários componentes químicos, os insetos apresentam lento processo de desenvolvimento de resistência".
A pesquisadora ressalta ainda que todas as substâncias usadas na fórmula têm baixíssima ou nenhuma toxicidade para seres humanos. A andiroba, por exemplo, é usada mundialmente pela indústria de cosméticos.
As substâncias seriam injetadas em cápsulas biodegradáveis, o que atende às preocupações em relação ao meio ambiente - uma tendência dos novos inseticidas, segundo Onilda.
"O ideal é trabalhar com componentes naturais. O mundo inteiro está se voltando para isso e a gente (o Brasil) tem muito recurso natural disponível."
O projeto destacado pela agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) conta com com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc).
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 438.949 casos de dengue nos de janeiro a julho deste ano, um aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2006.