O grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) admitiu na noite de ontem (4), por meio de um comunicado, que o menino encontrado em um orfanato em Bogotá pelo governo colombiano é Emmanuel, filho da refém Clara Rojas, nascido em cativeiro.
A guerrilha acusa o governo do presidente Álvaro Uribe de haver "seqüestrado o menino com o propósito de sabotar" sua libertação, a de sua mãe, Clara Rojas, ex-assessora da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt (também seqüestrada), e a da ex-congressista Consuelo González de Perdomo.
Resultado de um exame de DNA divulgado ontem (4) pelo governo colombiano já indicava que o menino, registrado no orfanato com o nome de Juan David Gómez, era da família de Clara Gonzalez Rojas, avó materna de Emmanuel.
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"A opinião pública nacional e internacional entende muito bem que Emmanuel não poderia estar em meio a operações bélicas do Plano Patriota, dos bombardeios e dos combates, com mobilização permanente", diz o comunicado publicado pela Agência Bolivariana de Imprensa (ABP).
"Por isso, este menino, de pai guerrilheiro, havia sido enviado a Bogotá, sob os cuidados de pessoas honradas, enquanto se firmava o acordo humanitário", diz o comunicado assinado pelo Secretariado das Farc.
A hipótese de que Emmanuel estaria em um orfanato em Bogotá foi levantada por Álvaro Uribe no início da semana, logo após as Farc acusarem o governo colombiano de haver intensificado as operações militares no local em que os três reféns seriam libertados, o que impediria sua entrega.
Na ocasião, Uribe desmentiu as acusações e disse que o atraso em libertar os reféns se devia ao fato de o menino não estar em poder dos rebeldes.
No entanto, o Exército colombiano admitiu ter realizado operações militares na região em que poderiam ser entregues os reféns, resultando na morte de um guerrilheiro.
Custódia
Antes do comunicado das Farc, apenas com os resultados do DNA na mão, a avó de Emmanuel, Clara González de Rojas, afirmou em Caracas que solicitaria à Casa de Bem Estar Familiar da Colômbia a custódia da criança.
"Estou feliz em saber que ele está livre. Mas minha felicidade ainda não é completa", disse Clara González de Rojas, que teve sua filha seqüestrada em 2002.
As Farc afirmam que o processo de libertação de Clara Rojas e Consuelo González de Perdomo "seguirá seu curso", tal como havia prometido ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
"Essa é uma determinação das Farc. Para ela, não estamos pedindo ao senhor Uribe nenhum corredor de segurança", diz o comunicado.
Se concretizada a libertação, será a primeira vez na história do conflito colombiano que as Farc libertam de maneira unilateral um grupo de reféns.
A guerrilha insiste que, para retomar o acordo humanitário para a troca de 45 reféns por 500 guerrilheiros presos, o governo da Colômbia deve promover uma retirada militar dos departamentos colombianos de Pradera e Florida.
As negociações foram paralisadas desde que Chávez foi afastado por Uribe da mediação do acordo, em novembro.
As informações são da BBC Brasil.