Dois grupos dividiram a atenção de alunos que fizeram neste domingo o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Para incentivar o boicote à prova, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras instituições estudantis escolheram alguns colégios para fazer um corpo-a-corpo, pedindo que os alunos assinassem a prova e a entregassem em branco.
De outro lado, incentivando os estudantes a fazer uma boa prova, professores e representantes de universidades e faculdades distribuíam canetas, água, refrigerante e aproveitavam para dar as últimas dicas.
A diretora da UNE Luana Bonone garante que a entidade não é contra a realização da prova, mas quer que seja aplicada em conjunto com as outras medidas aprovadas pelo Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes). "O problema é que o Enade foi implementado com muita velocidade e os outros instrumentos ainda não", disse a estudante, que foi defender a causa em frente a um colégio de Brasília.
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Luana alega que o resultado da prova promove um ranqueamento cuja única finalidade é o marketing das instituições. "Tanto que tem universidade em São Paulo e no país inteiro que oferece prêmio em dinheiro, descontos e outras vantagens para o aluno que for bem na prova. Isso falseia o resultado", avalia.
Já os representantes das universidades garantem que os movimentos estudantis estão equivocados. "Nós já recebemos visita do MEC [Ministério da Educação]. Eles avaliaram a organização administrativa do curso, a infra-estrutura, o corpo docente, e outros aspectos", conta Paulo Ribeiro, coordenador da Faculdade de Zootecnia do instituto de ensino superior União Pioneira de Integração Social (Upis), de Brasília.
Professores avaliaram como positiva a aplicação da prova e se disseram contra o boicote. "Se ficarem simplesmente boicotando em vez de melhorar o sistema, a gente não chega a lugar nenhum. É melhor ter uma avaliação que não seja perfeita do que não ter nenhuma", defendeu o professor Marcelo Alcântara, da Faculdade de Educação Física da Universidade Católica de Brasília.
Com base em resultados do Enade, o MEC promete avaliar a partir desta semana 60 cursos de direito.
O Enade de hoje vai avaliar 3.454 cursos de 16 áreas de conhecimento. Através da prova, o MEC obtém dados sobre o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos, suas habilidades e competências. Quem não comparece fica impedido de retirar o diploma de conclusão do curso. Por isso, a UNE prega que os alunos estejam presentes, mas entreguem a prova em branco.