Os municípios de Ponta Grossa e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, foram reprovados na alfabetização de seus alunos.
Uma pesquisa feita pela Fundação Carlos Chagas nestas cidades, no fim do ano passado, revelou que, ao término do 1º ano do ensino fundamental, 54% das crianças das escolas da rede municipal não tinham domínio das sílabas e não conseguiam definir as palavras.
Isso não significa que São José e Ponta Grossa tenham desempenho educacional inferior às demais cidades. A situação repetiu-se na maioria dos 47 muncípios brasileiros analisados pelo instituto.
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A pesquisa, que avaliou a capacidade de escrita de 13 mil crianças da rede municipal, constatou que 96% delas terminam o 1º ano analfabetas. Destas, 54% não reconheciam as sílabas e outras 42% entendiam algumas palavras, mas eliminavam letras ao escrever. Apenas 4% dos alunos, dos municípios de Itajaí (SC) e Macaé (RJ), sabiam ler e escrever, como se espera que ocorra ao fim do 1º ano.
A pesquisa da Fundação Carlos Chagas foi realizada a pedido do Instituto Ayrton Senna, que desenvolve desde 2001 o Programa Escola Campeã. A escolha dos 47 municípios, incluindo os dois paranaenses, não foi por acaso. ''Os municípios foram escolhidos porque são pólo de referência em suas regiões'', explica a coordenadora do programa, Lucia Fávero.
Nos municípios escolhidos estão sendo implementadas metodologias para a melhoria do ensino e da gestão das escolas. O objetivo é que as cidades façam a adequação e aperfeiçoamento que forem necessários de forma a construir um modelo de gestão educacional a ser disponibilizado pelo instituto a todos os outros municípios que se interessarem. ''Eu não tenho dúvida de que esses 47 municípios vão se tornar referência em educação'', diz Lúcia Fávero.
Na luta contra a alfabetização precária dos alunos do 1º ano do fundamental, a Secretaria de Educação de Ponta Grossa realizará durante todo o segundo semestre um curso intensivo para os professores alfabetizadores, envolvendo todos os professores que dão aula para as crianças entre seis e oito anos.
A Secretaria de Educação de São José dos Pinhais também programou atividades de assessoramento aos professores, que participarão de oficinas sobre alfabetização no segundo semestre.
''O resultado da pesquisa é muito ruim. O nível de conhecimento das crianças é compatível com o que deveriam ter no primeiro bimestre do primeiro ano e não no fim do ano'', reconhece a diretora geral da secretaria de Educação de São José dos Pinhais, Terezinha do Rocio Costacurta.
A pesquisa, também tem seu lado positivo, já que os dois municípios estão procurando soluções para o problema. Nos dias 2 e 3 de julho, Ponta Grossa aplicou um teste de avaliação nos alunos de sete anos para verificar as condições de alfabetização. E São José dos Pinhais também está fazendo um levantamento do nível de alfabetização em cada escola.
Na busca por soluções, representantes da área de educação dos 47 municípios e responsáveis pelo programa Escola Campeã reúnem-se em duas turmas, entre os dias 15 e 17 deste mês e entre 22 e 24, em Belo Horizonte.
''É preciso trabalhar com o professor para que ele acredite no sucesso de seus alunos. Se um aluno de escola particular sabe ler na pré-escola com seis anos, por que os nossos não podem também?'', questiona Simone Neves, diretora do Departamento de Educação da Secretaria de Ponta Grossa.