A questão envolvendo a instalação de uma base militar dos Estados Unidos na Colômbia e que pode ser uma das razões para os recentes conflitos entre Venezuela e Colômbia poderá ser discutida na cúpula presidencial da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que será realizada a partir do dia 10 de agosto em Quito, no Equador. A sugestão foi dada na tarde de hoje (30), em São Paulo, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de ressaltar que cada país tem soberania para resolver seus problemas, Lula afirmou não concordar com a instalação da base norte-americana na Colômbia. "Posso dizer que, para mim, não me agrada mais uma base americana na Colômbia. Mas como eu não gostaria que o Uribe [Álvaro Uribe, presidente da Colômbia] desse palpite nas coisas que eu faço no Brasil, eu prefiro não dar palpites nas coisas dele", afirmou Lula.
Os Estados Unidos e a Colômbia estão negociando um acordo pelo qual 800 militares e 600 civis norte-americanos serão deslocados para três bases aéreas da Colômbia - Malambo, Palanquero e Apiay -, o que facilitaria as operações contra o terrorismo e a produção de drogas.
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Ao lado da presidente do Chile, Michelle Bachelet, que esteve visitando o país para fechar um acordo bilateral, Lula disse que o Conselho de Defesa poderia ser convocado pela Unasul para discutir o assunto.
"Bachelet e eu concordamos que a soberania de um país é intocável. E nós não entramos na discussão da soberania de um país", afirmou Lula, ressaltando que esse problema deverá ser discutido com muito cuidado para "não gerar conflitos".
"Compartilho completamente com o que disse o presidente Lula", disse Bachelet, ressaltando que a Unasul vai ser "um momento mais que oportuno" para discutir esse assunto.
Além da instalação da base militar nos Estados Unidos, o presidente Lula também propôs que a Unasul discuta os esforços dos países para evitar as emissões de gases que favorecem o aquecimento global, antecipando-se à próxima conferência do clima das Nações Unidas, que será realizada em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.
Lula teme que os países ricos defendam a manutenção dos seus níveis de produção e decidam que os países emergentes paguem a conta, controlando seus níveis de emissão de gases.
"Eu já senti o que os países [ricos] estão preparando para propor em Copenhague. Eles querem continuar com o mesmo padrão de consumo, com o mesmo padrão de produtividade, com o mesmo padrão de vida que têm e querem que nós sejamos sequestradores do carbono que eles colocam no ar", afirmou Lula.
"Nós queremos fundo para ajudar na preservação ambiental. Mas é preciso que o fundo seja acompanhando de um compromisso de que eles [países ricos] vão diminuir substancialmente as emissões de gases de efeito estufa porque senão eles ficarão crescendo e nós decrescendo", disse o presidente.