O candidato nacionalista Ollanta Humala venceu a conservadora Keiko Fujimori e foi eleito o novo presidente do Peru, de acordo com resultados oficiais divulgados já na madrugada de segunda-feira (6).
Com mais de 85% das urnas apuradas, Humala conquistou cerca de 51.5% dos votos, enquanto Keiko somou aproximadamente 48,5%.
A vantagem sobre sua rival foi bem mais estreita do que previsto segundo uma contagem rápida dos votos feita por amostragem (3%) e ainda menor do que indicavam as pesquisas de boca de urna, que estimaram a diferença em 5%.
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Logo após a divulgação dos primeiros resultados, partidários de Humala começaram a tomar a Praça 2 de Mayo, no centro de Lima. No início da noite, o local estava totalmente lotado de "humalistas", que agitavam bandeiras peruanas e outras estampadas com a letra "O", símbolo da campanha de Ollanta Humala.
Pouco antes da meia noite (2h da segunda-feira, no horário de Brasília), ele chegou ao local acompanhado da mulher, Nadime Heredia, e foi ovacionado pela multidão.
'Fujimori nunca mais'
Vestido de calça jeans e camisa, o nacionalista agradeceu aos eleitores aos gritos de "Ollanta, presidente" e "Fujimori nunca mais" - em referência ao pai de Keiko, o ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e violação dos direitos humanos.
Em seu discurso da vitória, Humala disse que fará um governo de união e prometeu promover crescimento econômico com inclusão social.
"A grande transformação que hoje chega ao Palácio do Governo é o resultado do trabalho de milhões de peruanos que lutaram para defender a democracia e seus valores", disse.
"A tarefa será difícil, mas trabalharemos juntos no projeto de unir o povo peruano sem nenhum tipo de discriminação."
Humala afirmou ainda que vai escolher em breve os melhores profissionais de diversas áreas para dar continuidade ao crescimento econômico do país, que teve média de 6% nos últimos anos.
Mercados
A promessa em seu primeiro discurso como presidente é uma maneira de acalmar os mercados e também uma resposta a seus críticos, que temiam que ele interviesse na economia do país, prejudicando o setor privado, especialmente a importante indústria mineradora do país.
No entanto, na reta final da campanha, Humala moderou ainda mais seu discurso, para atrair os indecisos, que somavam até 10% dos eleitores.
Ele também procurou se afastar da imagem do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Segundo pesquisas na época, a ligação entre Humala e o líder venezuelano era o principal motivo que levava os peruanos a rechaçarem o candidato nacionalista.
O ministro da Economia do Peru, Ismael Benavides, disse na noite deste domingo que o governo atual, do presidente Alan García, já havia preparado um plano de contingência para o caso de Humala vencer, de acordo com a agência Reuters.
"O plano tem como objetivo comtemplar a liquedez do mercado por parte do Tesouro, ao lado do Banco Central."
'Salvar a democracia'
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura que apoiou Humala no segundo turno, disse que com a vitória do nacionalista, seu trabalho havia terminado.
"Participei para salvar a democracia no Peru. Me comprometi em nome da liberdade e dessa democracia. Se Ollanta Humala não cumprir seus compromissos, eu estarei na primeira fila para lembrá-lo de suas promesssas."
Após uma uma corrida presidencial dominada por incertezas e posições extremas, o processo eleitoral peruano transcorreu normalmente, apenas com alguns problemas que não chegaram a atrapalhar a votação, segundo observadores internacionais e o Departamento Nacional de Processos Eleitorais do Peru.
O chefe da missão da Organanização dos Estados Americanos (OEA) que monitorou a eleição, Dante Caputo, disse que o segundo turno havia sido mais tenso que o primeiro, por enfrentar um cenário "muito mais polarizado".
Nesta segunda-feira, a missão da OEA divulgará um primeiro informe sobre o processo eleitoral.