Insurgentes do Talebã atacaram na noite de sexta-feira (14) uma das bases de alta segurança da Otan no Afeganistão, matando dois soldados americanos.
No sábado, o Talebã disse à BBC que o ataque à base de Camp Bastion, na província de Helmand, foi uma reação ao filme Innocence of Muslims ("Inocência dos Muçulmanos", em tradução livre), que provocou uma onda de protestos pelo mundo muçulmano.
O movimento que luta contra a presença de tropas internacionais no Afeganistão prometeu novos ataques em todo o país pelos "insultos ao nosso amado profeta do Islã".
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O príncipe Harry, terceiro na linha da sucessão do trono britânico, que foi enviado na semana passada ao Afeganistão, está baseado em Camp Bastion. Um porta-voz da Otan disse à agência de notícias Reuters que ele não ficou ferido no ataque.
Segundo o correspondente da BBC em Cabul Jonathan Beale, os militares da Otan estão tentando entender como Camp Bastion pode ter sido atacado, já que a base fica no meio do deserto e tem ótima visibilidade de todo o entorno.
A Otan diz que o Talebã conseguiu se aproveitar de uma das fraquezas de Camp Bastion. A base é cercada por um muro, mas os rebeldes acharam um ponto vulnerável no perímetro. Um homem-bomba começou o ataque, que abriu passagem para os demais insurgentes entrarem na base.
O local abriga militares de todos os países com forças no Afeganistão. O setor chamado de Camp Leatherneck, que hospeda os americanos, foi o alvo do ataque surpresa, matando dois fuzileiros navais dos Estados Unidos. Diversos soldados de outros países ficaram feridos.
Os insurgentes usaram morteiros e foguetes no ofensiva que começou às 22h de sexta-feira (14h30 no horário de Brasília) e durou quatro horas. Aeronaves da Otan e alguns prédios ficaram danificados. O governador da província de Helmand disse que 16 insurgentes do Talebã morreram.
O ataque acontece em meio às operações da Otan de retirada da maioria das suas tropas do Afeganistão. O prazo para a saída dos soldados é 2014.
Choque nas ruas de Sydney
Neste sábado, a onda de protestos chegou também à Austrália. Nas ruas de Sydney, centenas de muçulmanos entraram em choque contra a polícia australiana, que usou gás lacrimogêneo e cães contra a multidão.
Também houve protestos em diversos lugares no Egito, como Cairo, Alexandria e Sinai. A polícia egípcia disse ter conseguido dispersar a multidão que se aglomerou no entorno da praça Tahrir e da Embaixada americana.
Em Los Angeles, nos Estados Unidos, uma pessoa supostamente envolvida na filmagem de Innocence of Muslims foi interrogada por autoridades americanas. Eles querem saber se o cineasta Nakoula Basseley Nakoula violou os termos de sua liberdade condicional.
Em 2010, ele havia sido condenado por fraude bancária. Pelos termos de sua liberdade condicional, ele não poderia usar pseudônimos ou até mesmo se conectar na internet.
Nakoula, um cristão cóptico, é visto pelas autoridades como uma peça-chave na rodagem do filme que mostra o profeta Maomé como mulherengo e como líder de um grupo de homens que têm prazer em cometer assassinatos. Ele nega ter tido qualquer envolvimento com o filme.
Na sexta-feira, sete pessoas morreram em protestos violentos no Sudão, Marrocos e Egito. Representações da Alemanha e da Grã-Bretanha também foram atacadas, assim como um restaurante da cadeia americana KFC no Líbano.
Na terça-feira, quatro funcionários do consulado americano em Benghazi, na Líbia, morreram em um incêndio provocado por manifestantes, entre elas o embaixador americano no país.