O secretário de Justiça do estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, admitiu nessa quinta-feira (24), após reunião com estudantes que ocupam a reitoria da Universidade de São Paulo (USP), que o governo pode "discutir aperfeiçoamentos" nos decretos que, segundo os alunos, colocam em risco a autonomia universitária. Marrey afirmou, no entanto, que os decretos não serão revogados.
"Eu assegurei que o governo tem uma posição de respeito à autonomia das universidades, sempre foi assim, e pode haver equívocos que nós estamos dispostos a discutir, equívocos de entendimento. Os decretos, eles serão mantidos, mas nós podemos discutir aperfeiçoamentos. Não há tabu em relação a isto", disse Marrey, na sede da Secretaria de Justiça, depois da reunião. As informações são da Agência Brasil.
A maior reivindicação dos alunos que ocupam a reitoria desde o último dia 3 é a derrubada de cinco decretos do governador do estado, José Serra, que alteram regras de administração, orçamento, contratação e salários em universidades públicas paulistas.
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Na terça-feira (22) a reitora da USP, Suely Vilela, aceitou mais três reivindicações dos estudantes --café da manhã e almoço aos domingos; ônibus no campus aos finais de semana; e reestudo do prazo de júbilo-- com a condição que eles deixem a reitoria imediatamente.
Outras reivindicações são o aumento das vagas no Residencial da USP, contratação de mais professores, a substituição imediata dos docentes que se aposentam e uma reforma de faculdades.
O secretário de Justiça ressaltou que a ordem judicial de desocupação da reitoria, expedida no último dia 16, terá de ser cumprida. Ele assegurou, no entanto, que o governo espera realizar a ação de forma pacífica. "A polícia tem obrigação de cumprir ordem judicial. Nós podemos verificar a melhor forma de fazê-lo, o momento adequado. Mas essa ordem judicial, ela tem que ser cumprida. Ficou aqui o nosso apelo aos estudantes, que continuem a dialogar e que desocupem pacificamente a reitoria", disse.
O secretário e os estudantes concordaram em marcar uma nova reunião na próxima segunda-feira (28) para continuar as negociações. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, presente na reunião, a marcação de uma nova rodada de negociações na próxima semana indica que até lá a tropa de choque não deve fazer a desocupação.
"Se o governo do estado marca uma reunião na segunda-feira sem, inclusive, fazer um condicionante, que essa reunião se dê com a desocupação, é claro que a gente espera que o comandante da tropa de choque não vai agir", disse. Marrey afirmou, no entanto, que não há nenhum compromisso por parte do governo de suspender a reintegração de posse até a próxima reunião.
No próximo encontro é esperada a presença da reitora da USP. Na reunião de ontem, solicitada pelos estudantes, participaram, além do secretário e dos alunos, membros do Ministério Públio estadual, do Sintusp, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe-SP).
Os estudantes, que permanecem ocupando a reitoria da universidade, disseram estar temerosos em relação à ação da Polícia Militar.. "Estamos apenas persistindo no local, temos medo sim da nossa integridade física, dadas as condições técnicas para uma reintegração de posse no prédio com a possível saturação do ambiente com gás lacrimogênio, que pode implicar na não-obediência dos direitos humanos e na garantia da integridade física", afirmou Douglas Anfra, da comissão de imprensa dos alunos que ocupam o edifício.